O Pensamento de Emilia Ferreiro sobre alfabetização
Nos anos de 1980 são divulgados, no Brasil, os resultados dos estudos realizados
pela pesquisadora argentina, Emilia Ferreiro, e seus colaboradores, contendo uma nova
abordagem do processo de aquisição da língua escrita pela criança.
―construtivista‖ e se tornou a principal referência teórica do discurso educacional
relacionado com alfabetização (MORTATTI, 2000). Dada a importância do pensamento
dessa pesquisadora, é preciso compreendê-lo de um ponto de vista histórico: qual o seu
significado, o que representou e o que representa para a história da alfabetização no Brasil?
Motivada em conhecer aspectos da história da alfabetização no Brasil, desenvolvi
pesquisas documental e bibliográfica, vinculadas ao Grupo de Pesquisa ―História do ensino
de língua e literatura no Brasil‖ (GPHELLB) e ao Projeto Integrado de Pesquisa ―Ensino
de língua e literatura no Brasil: repertório documental republicano‖ (PIPELLB)1, ambos
coordenados por Maria do Rosário Longo Mortatti e subdivididos em cinco linhas de
pesquisa, dentre as quais, Alfabetização, entendida como ensino de leitura e escrita na fase
inicial de escolarização de crianças.
.
Para tanto, elaborei, inicialmente, um instrumento de pesquisa, no qual se
encontram reunidas e organizadas, além de dados biográficos sobre a pesquisadora, 127
referências bibliográficas de textos escritos por essa pesquisadora e traduzidos para
diversos idiomas, entre 1969 (ano de publicação de seu primeiro artigo em francês) e 2002
(ano de encerramento de minha pesquisa documental), e oito referências de textos
relacionados ao pensamento construtivista de Emilia Ferreiro sobre alfabetização3
,
produzidos no Brasil, entre 1990 (ano de defesa da primeira dissertação sobre o tema) e
1999 (ano de publicação do último livro localizado).
Esse instrumento de pesquisa propiciou constatar que Emilia Ferreiro possui uma
vasta produção escrita, traduzida para diversos idiomas, em vários países, dentre eles o
Brasil. Foi possível constatar, também, que são poucos os estudos e as pesquisas realizadas
sobre o pensamento construtivista de Emilia Ferreiro no tocante à alfabetização. Até o final
das pesquisas documental e bibliográfica foi possível localizar apenas oito referências
bibliográficas de textos que tratam do pensamento construtivista de Emilia Ferreiro sobre
alfabetização, não tendo sido localizado nenhum que aborde especificamente a produção
de Emilia Ferreiro e seu pensamento construtivista sobre alfabetização, sob uma
perspectiva histórica. O que se encontram são textos que trazem propostas de aplicação,
1 Esse projeto foi desenvolvido entre agosto de 1999 e julho de 2003 e recebeu apoio e auxílio financeiro do CNPq e auxílio financeiro
da FAPESP.
2 As cinco linhas de pesquisas em que se subdividem o GPHELLB e o PIPELLB são: 1. Formação de professores de língua e literatura
(inclusive alfabetizadores). 2. Alfabetização. 3. Ensino da Língua Portuguesa. 4. Ensino de Literatura. 5. Literatura Infantil e Juvenil.
3 Quando utilizo a expressão ―bibliografia relacionada ao pensamento construtivista de Emilia Ferreiro sobre alfabetização‖ refiro-me
aos textos em forma de livros, dissertações e tese em que se analisam aspectos do pensamento, da atuação profissional e da obra de
Emilia Ferreiro. A bibliografia completa encontra-se em Mello (2003).
Essas constatações fizeram-me confirmar meu interesse de pesquisa inicial e eleger
como corpus para análise o livro Psicogênese da língua escrita, escrito por Emilia Ferreiro
e Ana Teberosky, traduzido, no Brasil, em 1985.
O critério para a escolha desse livro relaciona-se com os seguintes aspectos: foi o
primeiro livro de Ferreiro traduzido no Brasil; nele são apresentados os resultados da
pesquisa sobre a psicogênese da língua escrita, realizada por Emilia Ferreiro e
colaboradores, os quais não foram ainda radicalmente contestados; apenas, por vezes,
criticados. Talvez por essa razão, trata-se de um livro pouco lido, considerando-se as
tiragens, comparativamente com outros títulos da autora.
Analisando o conjunto da obra da pesquisadora traduzida e publicada no Brasil,
identifiquei no livro escolhido características que me permitem considerá-lo um marco do
pensamento construtivista de Emilia Ferreiro sobre alfabetização. Vale ressaltar que,
embora tendo sido escrito em co-autoria com Ana Teberosky, ficou conhecido no Brasil
como ―O livro de Emilia Ferreiro‖, e as idéias nele contidas ficaram conhecidas como o
―construtivismo de Emilia Ferreiro‖, devido ao fato de a imagem da pesquisadora ter
ganhado proeminência, desde seus primeiros contatos com educadores de nosso país.
A partir de meados da década de 1980, os resultados da pesquisa sobre a
psicogênese da língua escrita, desenvolvida por Emilia Ferreiro e colaboradores,
enfeixados sob a denominação ―construtivismo‖, foram considerados referencial teórico,
por exemplo, no estado de São Paulo, para o Ciclo Básico de Alfabetização (CBA).
Daquela época até os dias de hoje, as idéias dessa pesquisadora estão presentes no
discurso brasileiro sobre alfabetização, seja em documentos institucionais, em artigos de
revistas especializadas, em textos de anais de congressos, em textos sugeridos aos
professores para utilizarem em sua prática pedagógica as idéias de Emilia Ferreiro, seja,
ainda, em livros, teses e dissertações acadêmicas sobre alfabetização.
Emilia Ferreiro ganhou prestígio por desenvolver, com seus colaboradores,
pesquisa empírica que lhe permitiu formular a teoria sobre a psicogênese da língua escrita,
a qual foi divulgada em diversos países, dentre eles, o Brasil. Sua atuação profissional
revela, também, o compromisso político em contribuir na busca de soluções para se
enfrentar o problema do analfabetismo.
Essa busca de soluções, tendo em vista a modificação da realidade educacional dos
países da América Latina, em relação ao fracasso na alfabetização, principalmente das Revista Eletrônica Acolhendo a Alfabetização nos Países de Língua Portuguesa”
Sítio Oficial: www.acoalfaplp.net 88
crianças das classes sociais menos favorecidas, levou Ferreiro a propor, por meio,
especialmente, dos resultados da pesquisa contidos no livro Psicogênese da língua escrita,
uma nova maneira de se pensar a alfabetização, já que, para a pesquisadora, o fracasso na
alfabetização está relacionado à maneira pela qual esse processo vinha sendo proposto e
praticado até então.
Ante essas considerações, Ferreiro afirma ter feito uma ―revolução conceitual‖ a
respeito da alfabetização, por ter ―mudado‖ o eixo em torno do qual passavam as
discussões sobre o tema: dos debates sobre os métodos e os testes utilizados para o ensino
da leitura e da escrita para a idéia de que não são os métodos que alfabetizam, nem os
testes que auxiliam o processo de alfabetização, mas são as crianças que (re)constroem o
conhecimento sobre a língua escrita, por meio de hipóteses que formulam, para
compreenderem o funcionamento desse objeto de conhecimento.
Além dessa proposta de ―mudança de olhar‖ sobre o processo de alfabetização, a
―revolução conceitual‖ proposta está, também, relacionada com a própria concepção de
língua escrita e de alfabetização. Para a pesquisadora, a língua escrita deve ser entendida
como um sistema de representação da linguagem, concepção que se opõe àquela em que a
língua escrita é considerada como codificação e decodificação da linguagem.
Conseqüentemente, Ferreiro se opõe ao conceito de alfabetização entendido como a
aprendizagem de duas técnicas diferentes (codificar e decodificar a língua escrita), em que
o professor é o único informante autorizado. Ferreiro defende, então, o conceito de
alfabetização que vai em sentido contrário, já que a considera como o processo de
aprendizagem da língua escrita. Essa aprendizagem, considerada, também, ―aprendizagem
conceitual‖, dá-se por meio da interação entre o objeto de conhecimento (a língua escrita) e
o sujeito cognoscente (que quer conhecer).
Desde o início da divulgação do pensamento construtivista de Emilia Ferreiro sobre
alfabetização em nosso país, em meados dos anos de 1980, as tensões decorrentes da
apropriação desse pensamento no âmbito de propostas oficiais estavam relacionadas com
as discussões sobre o significado da ―revolução conceitual‖ proposta por Emilia Ferreiro.
Embora essa tensão pareça ter-se amenizado e embora não se tenham notícias de que os
resultados da pesquisa de Ferreiro e colaboradores tenham sido refutados em seus
fundamentos e resultados, vêm sendo apresentadas muitas críticas, relacionadas, sobretudo,
com a dúvida a respeito do papel do ensino, da escola e do professor, a partir desse ponto
de vista.Revista Eletrônica Acolhendo a Alfabetização nos Países de Língua Portuguesa” 89 Sítio Oficial: www.acoalfaplp.net
Tais dúvidas estão relacionadas com o fato de que no livro Psicogênese da língua
escrita não se encontra uma proposta didática de alfabetização, nem "receitas prontas" com
intenção de garantir o sucesso da alfabetização de todas as crianças em fase inicial de
escolarização4
.
Nesse livro, são encontrados resultados de pesquisa acerca do processo de aquisição
da língua escrita por parte de crianças, os quais podem contribuir para a compreensão do
modo pelo qual esse processo complexo acontece. Tal compreensão é importante,
sobretudo, para professores e psicólogos, público a que se destina preferencialmente o
livro.
Para os professores, o livro pode auxiliar na interpretação das respostas dadas pelas
crianças, quando estas estão produzindo ou interpretando textos, para levar essas respostas
em consideração durante o processo de construção, pela criança, do conhecimento da
língua escrita. As autoras entendem que, fornecendo essas informações aos professores,
elas estão contribuindo para diminuir o número daqueles que fracassam nessa etapa de
escolarização.
Para os psicólogos, a obra fornece elementos que permitem compreender o que
ocorre durante o processo de aquisição da língua escrita, os quais, segundo as autoras,
auxiliam o trabalho desses profissionais, porque, quando lidam com crianças, geralmente
aquelas que fracassam no início do processo de alfabetização, eles não têm conhecimentos
desse processo, podendo considerar as interpretações das crianças como índices de futuros
transtornos ou como casos patológicos.
Levando-se em consideração as principais características do livro — apresentação
de uma teoria contendo ―novas‖ interpretações sobre o processo de aprendizagem da
leitura e da escrita, resultado de uma pesquisa descrita minuciosamente, em um número
elevado de páginas —, pode-se concluir que sua leitura não é de simples compreensão,
porque envolve outras teorias que a embasam, demandando, por parte do leitor, certa
familiaridade, sobretudo, com os fundamentos da teoria piagetiana e da Psicolingüística
chomskyana. Essas características talvez expliquem, também, a relativamente baixa
tiragem do livro no Brasil, comparativamente à intensa e extensa divulgação do
pensamento construtivista de Emilia Ferreiro sobre alfabetização no país.
No entanto, embora as idéias contidas nesse volume tenham sido e continuem
sendo muito divulgadas, por meio tanto das apropriações que se fizeram e se fazem desse
pensamento, por parte do ―discurso oficial‖, quanto dos estudos e pesquisas acadêmicas a
4 Dentre os pesquisadores que tratam do assunto destaco: Azenha (1993) e Ribeiro (1991).Revista Eletrônica Acolhendo a Alfabetização nos Países de Língua Portuguesa”
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esse respeito, são poucos aqueles que ―dominam‖ o pensamento construtivista de Emilia
Ferreiro sobre alfabetização. Podemos supor que entre esses poucos leitores estão
especialistas em alfabetização, equipes pedagógicas de órgãos oficiais, pesquisadores do
meio acadêmico e alguns poucos professores alfabetizadores.
A análise de Psicogênese da língua escrita propiciou confirmar sua relevância no
que se refere à compreensão do pensamento construtivista de Emilia Ferreiro sobre
alfabetização. Essa importância deriva justamente do fato de nele estar contida o que
denomino ―matriz invariante‖ desse pensamento, considerado pelas autoras do livro, como
já mencionei, e por outros pesquisadores, uma ―revolução conceitual‖ em alfabetização.
Trata-se de matriz, porque é entendida como atributo principal, e é invariante,
porque, posteriormente, vai-se expandindo, mas sempre preservando suas características
fundamentais, as quais lhe conferem unidade e continuidade.
Essa unidade está relacionada com as influências tanto da Epistemologia Genética
de Piaget quanto da Psicolingüística de Chomsky, que constituem um núcleo comum de
ancoragem da teoria sobre a psicogênese da língua escrita. Nesse sentido, o principal
atributo da matriz invariante do pensamento construtivista de Emilia Ferreiro sobre
alfabetização consiste no fato de essa pesquisadora considerar que a atividade estruturante
do sujeito faz com que ele construa esquemas interpretativos para compreender a natureza
da escrita.
As características fundamentais dessa matriz, por sua vez, consistem na constatação
de que as crianças possuem capacidades cognitivas (capacidades de desenvolver
raciocínios) e lingüísticas (capacidades de desenvolver concepções sobre o sistema de
escrita), utilizando-as para entender o mecanismo de funcionamento da língua escrita no
processo de aprendizagem da leitura e da escrita. Nesse processo, as crianças
(re)constroem o conhecimento sobre a língua escrita, por meio de uma elaboração pessoal,
a qual se dá por sucessão de etapas, cada uma delas representando um estágio importante
do processo. Assim, a interpretação do processo é explicada do ponto de vista das crianças
que aprendem, levando-se em consideração o conhecimento específico que possuem antes
de iniciar a aprendizagem escolar, a saber: a escrita não representa apenas um traço ou
marca, mas sim ―um objeto substituto‖.
Partindo desse conhecimento, as crianças seguem uma linha de evolução regular até
a aquisição da língua escrita, elaborando hipóteses para compreender o funcionamento do
código escrito.Revista Eletrônica Acolhendo a Alfabetização nos Países de Língua Portuguesa” 91 Sítio Oficial: www.acoalfaplp.net
O conjunto das hipóteses elaboradas pelas crianças, denominado de ―níveis de
conceitualização‖, pode ser minimamente categorizado em: ―distinção entre o icônico e
não-icônico‖; ―exigência de quantidade mínima e variedade de caracteres‖; ―hipótese
silábica‖; ―hipótese silábica-alfabética‖; e ―hipótese alfabética‖. Do início ao fim desse
processo ocorre um processo de (re)construção do conhecimento da língua escrita, o qual
se dá por meio da interação das crianças com o objeto de conhecimento.
Nos textos escritos posteriormente por Ferreiro, observa-se que a pesquisadora vai
expandindo essa matriz de seu pensamento. Neles, a pesquisadora amplia e aprofunda as
primeiras formulações sobre a teoria da psicogênese da língua escrita, conciliando relatos
de situações e resultados de investigações desenvolvidas sobre a aprendizagem da língua
escrita, seja por parte de crianças, seja por parte de adultos, seja por parte de povos
indígenas.
Entre essas pesquisas estão também as comparativas, desenvolvidas com crianças
inseridas em diferentes contextos lingüísticos, como, por exemplo, entre português, italiano
e espanhol, nas quais a pesquisadora destaca as semelhanças e as diferenças no
desenvolvimento psicogenético dessas crianças.
Ampliando essa temática, a pesquisadora aborda, em seus textos posteriores,
assuntos atuais, como a entrada das novas tecnologias (computadores e internet) nas
escolas e a discussão em torno do ―letramento‖, confirmando sua contemporaneidade em
relação ao discurso sobre alfabetização. No entanto, em tudo o que escreve, aquela matriz
invariante está sempre presente.
Pelo exposto, pode-se concluir que Psicogênese da língua escrita tornou-se um
marco na produção intelectual de Ferreiro e no que se refere ao seu pensamento
construtivista sobre alfabetização. É importante ressaltar que, embora esse livro tenha sido
escrito em co-autoria com Ana Teberosky5
, a maior parte da vasta produção escrita de
Ferreiro, é de autoria de Ferreiro e não está vinculada exclusivamente à de Teberosky; nem
tampouco a de outros pesquisadores, com os quais Ferreiro assina algumas outras
publicações.
Por fim, vale enfatizar que, depois das tensões iniciais decorrentes da divulgação
desse pensamento – cuja matriz invariante se encontra no livro analisado – e dos
5 Ana Teberosky atualmente desenvolve sua atividade profissional como docente do Departamento de Psicologia Evolutiva e da Educação da Universidade de Barcelona, na Espanha, onde desenvolveu pesquisas na área da linguagem junto ao Instituto Municipal de Investigações Psicológicas Aplicadas à Educação (IMIPAE) e ao Instituto Municipal de Educação (IME). No Brasil outros textos de Ana Teberosky foram traduzidos e publicados, como, por exemplo, Psicopedagogia da linguagem escrita(1990), em que a pesquisadora apresenta uma proposta pedagógica de alfabetização por meio da utilização de diferentes tipos de textos, inversamente do que faz Ferreiro, que em seus textos não encaminha propostas pedagógicas. Sede da Edição: Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo – Av da Universidade, 308 - Bloco A, sala 111 – São Paulo – SP – Brasil – CEP 05508-040.
Grupo de pesquisa: Acolhendo Alunos em situação de exclusão social e escolar: o papel da instituição escolar.
Parceria: Centro de Recursos em Educação Não-Formal de Jovens e Adultos – CRENF – FacEd – UEM – Prédio da Faculdade de Letras e Ciências Sociais –
Segundo Piso - Gabinete 303 – Campus Universitário Maputo, Moçambique, África
questionamentos por alguns estudiosos do assunto, ele permanece atuante, até os dias de
hoje, nos discursos e nas práticas de alfabetização no Brasil. Porém, o pensamento de
Ferreiro gerou, por meio de suas apropriações, "revolução" no "fazer" a alfabetização em
São Paulo e no Brasil? Penso que, mais do que antes, esse é um assunto para ser debatido.
Referências bibliográficas
AZENHA, Maria da Graça (1993). Construtivismo: de Piaget a Emilia Ferreiro. São
Paulo: Ática.
FERREIRO, Emilia; TEBEROSKY, Ana (1985). Psicogênese da língua escrita. Tradução
de Diana M. Linchestein et al. Porte Alegre: Artes Médicas.
MELLO, Márcia Cristina de Oliveira. Um estudo sobre o pensamento construtivista de
Emilia Ferreiro sobre alfabetização. Marília, 2003. 175 f. Dissertação (Mestrado em
Educação). Universidade Estadual Paulista de Marília.
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