UNIVERSIDADE ANHANGUERA – UNIDERP
Centro de Educação a Distância
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E
EDUCAÇÃO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES
Sobradinho/DF
Abril/2014
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
O
trabalho ora realizado pela equipe, objetiva refletir sobre a educação não
formal e seu papel educativo nos marcos da Pedagogia Social.
Há
um erro, um equívoco de vinculação considerando-se a educação não formal o que
se aprende no compartilhamento de conhecimentos ao longo da vida e em espaços e
ações coletivas estabelecidas no cotidiano. Entretanto torna-se relevante a
formação profissional de pessoas críticas e reflexivas, que enfrentem situações
desafiadoras e problematizadas atuando com competência e utilizem as diversas
teorias do universo acadêmico para oportunizarem situações de aprendizado
reflexivo em relação às vivências cotidianas.
Considera-se
a educação não formal como um campo de conhecimento em construção. Analisa-se
neste trabalho, como ocorre mediação do referido processo educativo com a
escola por meio da participação da sociedade civil organizada em estruturas
colegiadas de interação entre as escolas e o território que a circunda.
Busca-se apresentar possibilidade de que as aprendizagens aconteçam a partir de
integração gerada pelo processo participativo.
Por
outro lado o tema supracitado possibilita a análise de:
·
As diversas definições do meio ambiente
e de como este deve ser trabalhado na escola nas séries iniciais;
·
Analisar e apresentar um trabalho
dividido em duas partes:
o
A primeira, o caráter teórico discute a
categoria educação não formal em sí, seu campo, atributos e relação com a
Pedagogia Social. Por meio da análise comparativa, busca-se diferenciar a
educação formal, da informal e da não formal.
o
A segunda utiliza os pressupostos da
educação não formal para observá-la em ação: em colegiados escolares, no
interior das escolas e em movimentos sociais que atuam no campo da Pedagogia
Social.
JUSTIFICATIVA
Justifica-se
a pesquisa a necessidade de que a sociedade civil organizada apresente
sugestões e possibilidade de ajuda aos ambientes escolares e que haja uma
interatividade entre a educação não formal e a educação formal, com a
participação de educadores informais.
Esta
pesquisa visa analisar o protagonismo da sociedade civil em ações coordenadas
por ONGs, movimentos e redes solidárias nã área da educação em geral. Uma das
questões desta pesquisa é investigar formas educativas existentes no universo
daquelas ações que buscam qualificar o caráter da educação gerada.
Como
referencial teórico, recorremos ao teórico (GOHN, 1999) em que se define a
categoria, se delimita o campo de atuação e procura-se apontar possíveis lacunas
e necessidades de ampliação do atendimento.
INTRODUÇÃO
A
pesquisa atual centra-se nas ações coletivas protagonizadas pelas redes
associativas da sociedade civil e a necessidade de aprofundar o estudo sobre as
referidas lacunas. A educação não formal é a categoria central do trabalho de
um educador social, na perspectiva da Pedagogia Social.
Uma
das consequências econômicas tem sido a de expandir o setor informal da
economia e nele as atividades do chamado terceiro setor
Estas
organizações, situadas no âmbito não governamental, reestruturaram o velho
modelo das associações voluntárias filantrópicas para um novo modelo onde
combinam o trabalho voluntário com o trabalho assalariado, remunerando
profissionais contratados segundo projetos específicos. Gerando um novo tipo de
associativismo, de natureza mista: filantrópico – empresarial – cidadão.
As
novas ONGs e movimento sociais juntamente com os grupos sociais organizados ao
seu redor, tem gerado um tipo de associativismo em nível de poder local e
passou a constituir um novo setor da economia que está sendo denominado como
uma “economia social” ou, simplesmente, terceiro setor, que se apresenta com
fins públicos não voltados para o lucro. Este setor terá um grande crescimento
e um papel chave no novo milênio, no conjunto das relações entre o Estado e a
Sociedade e no desenvolvimento regional e local.
Arruda
e Boff (Apud Moura, 2001, p.3) concebeu o desenvolvimento como “um processo
construção de uma sociedade pelo amor como modo de ser de todas as relações,
sendo o progresso os avanços obtidos nos âmbitos pessoal, familiar,
comunitário, nacional, planetário e cósmico”. Nesta perspectiva o
desenvolvimento é ao mesmo tempo local e global e vai além das dimensões
econômica, social, cultural e política.
O
terceiro setor é uma expressão traduzida do inglês (Third Sector) e faz parte
do vocabulário corrente nos Estados Unidos. No Brasil, começa a ser usada om
naturalidade por alguns círculos ainda restritos.
As
associações do terceiro setor estão passando a ocupar o papel que antes era
desempenhado por sindicatos e partidos políticos. O novo associativismo do
terceiro setor tem estabelecido relações contraditórias, visto que o
associativismo no terceiro setor é pouco ou nada politizado, na maioria das
vezes, avesso às ideologias e integrando as políticas neoliberais. Muitos
programas advém de entidades criadas ou patrocinadas por instituições
financeiras, privadas e públicas, como Banco Itaú, BNDES, Bradesco, etc. Outras
como “fundações” como abrinq, a Odebrecht, o Instituto Construindo o Futuro,
etc. Tem as ONGs que passaram a
incorporar atividades produtivas como o Projeto Axé na Bahia (camiseta,
vestuário...) e o Projeto Travessa em São Paulo, etc.
No
Brasil, as ONGs cidadãs e militantes estiveram por detrás da maioria dos
movimentos sociais populares urbanos que delinearam um cenário de participação
na sociedade civil.
Deve-se
destacar que o crescimento das ONGs neste milênio é um fenômeno mundial e
caracterizam-se por prestar atividades de interesse público, por iniciativa
privada, sem fins lucrativos. São entidades privadas e desempenham serviços não
exclusivos do Estado, porém podendo ser em colaboração com ele, recebem algum
tipo de incentivo do poder público, por esta razão, sujeitam-se a controle pela
administração pública e pelo Tribunal de Contas. Integram o terceiro setor,
porque nem se enquadram como entidades privadas, nem se integram à
Administração Pública.
Modernamente
existem no Brasil os Serviços Sociais Autônomos (SESI, SENAI, SENAC) e estão
sendo criadas outras entidades de apoio como fundações, associações e
cooperativas.
As
entidades de apoio são as pessoas jurídicas de direito privado, sem fins
lucrativos, instituídas para servidores públicos, porém com nome próprio, sob a
forma de fundação, associação ou cooperativa e mantendo vínculo jurídico com
entidades da administração direta ou indireta, em regra por meio de convênio.
São disciplinadas pela lei nº 9.637, de 15 de maio de 1998.
São
as OSCIPs (pessoas jurídicas de direito privado) sem fins lucrativos e
instituídas por iniciativa de particulares para desempenhar serviços sociais
não exclusivos do Estado.






1.
A
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS
A
demanda por mão de obra mais qualificada e escolarizada é uma das exigências da
economia mundial. No Brasil o contingente de jovens é de aproximadamente
34.081.330 de pessoas na faixa etária de 15 a 24 anos (IBGE, 2000).
À
luz dessas considerações, a educação é umfator estratégico na inserção
profissional do jovem.
O
ingresso precoce no trabalho, o mercado informal, a baixa remuneração e a
discriminação étnica participam do conjunto de obstáculos para a inserção
profissional dos jovens. Também as lacunas do ensino regular e profissional,
tornando-se imperativo destacar a multiplicação doa intervenções de entidades
classificadas como não formais nesta empreitada de formação profissional.
2. DISTINÇÕES ENTRE
EDUCAÇÃO NÃO FORMAL, FORMAL E INFORMAL
A
educação nãoformal designa um processo com várias dimensões tais como: a
aprendizagem política dos direitos dos indivíduos enquanto cidadãos; a
capacitação dos indivíduos para o trabalho, por meio da aprendizagem de
habilidades e/ou desenvolvimento de potencialidades; a aprendizagem e exercício
de práticas que capacitam os indivíduos a se organizarem com objetivos
comunitários, voltadas para a solução de problemas coletivos cotidianos; a
aprendizagem de conteúdos que possibilitem aos indivíduos fazerem uma leitura
do mundo do ponto de vista de compreensão do que se passa ao seu redor; a
educação desenvolvida na mídia e pela mídia, em especial a eletrônica etc. Em
suma, consideramos a educação não formal como um dos núcleos básicos de uma
Pedagogia Social.
Quando
tratamos da educação nãoformal, a comparação com a educação formal é quase que
automática. O termo nãoformal também é usado por alguns investigadores como
sinônimo de informal. Consideramos que é necessário distinguir e demarcar as
diferenças entre estes conceitos. A princípio podemos demarcar seus campos de
desenvolvimento: a educação formal é aquela desenvolvida nas escolas, com
conteúdos previamente demarcados; a informal como aquela que os indivíduos
aprendem durante seu processo de socialização - na família, bairro, clube,
amigos etc., carregada de valores e culturas próprias, de pertencimento e
sentimentos herdados: e a educação não formal é aquela que se aprende "no
mundo da vida", via os processos de compartilhamento de experiências,
principalmente em espaços e ações coletivos cotidianas. Vamos tentar demarcar
melhor essas diferenças por meio uma série de questões, que são aparentemente
extremamente simples, mas nem por isso simplificadoras da realidade, a saber:
Quem é
o educador em cada campo de educação que estamos tratando? Em cada campo, quem
educa ou é o agente do processo de construção do saber? Na educação formal
sabemos que são os professores. Na não formal, o grande educador é o outro,
aquele com quem interagimos ou nos integramos. Na educação informal, os agentes
educadores são os pais, a família em geral, os amigos, os vizinhos, colegas de
escola, a igreja paroquial, os meios de comunicação de massa etc.
Onde
se educa? Qual é o espaço físico territorial onde transcorrem os atos e os
processos educativos? Na educação formal estes espaços são os do território das
escolas, são instituições regulamentadas por lei, certificadoras, organizadas
segundo diretrizes nacionais. Na educação não formal, os espaços educativos
localizam-se em territórios que acompanham as trajetórias de vida dos grupos e
indivíduos, fora das escolas, em locais informais, locais onde há processos
interativos intencionais (a questão da intencionalidade é um elemento
importante de diferenciação). Já a educação informal tem seus espaços
educativos demarcados por referências de nacionalidade, localidade, idade,
sexo, religião, etnia etc. A casa onde se mora, a rua, o bairro, o condomínio,
o clube que se freqüenta, a igreja ou o local de culto a que se vincula sua
crença religiosa, o local onde se nasceu etc.
Como
se educa? Em que situação, em qual contexto? A educação formal pressupõe
ambientes normatizados, com regras e padrões comportamentais definidos
previamente. A nãoformal ocorre em ambientes e situações interativos
construídos coletivamente, segundo diretrizes de dados grupos, usualmente a
participação dos indivíduos é optativa, mas ela também poderá ocorrer por
forças de certas circunstancias da vivência histórica de cada um. Há na
educação não formal uma intencionalidade na ação, no ato de participar, de
aprender e de transmitir ou trocar saberes. Por isso, a educação não-formal
situa-se no campo da Pedagogia
Social-
aquela que trabalha com coletivos e se preocupa com os processos de construção
de aprendizagens e saberes coletivos. . A informal opera em ambientes
espontâneos, onde as relações sociais se desenvolvem segundo gostos,
preferências, ou pertencimentos herdados.
Qual a
finalidade ou objetivos de cada um dos campos de educação assinaladas? Na
educação formal, entre outros objetivos destacam-se os relativos ao ensino e
aprendizagem de conteúdos historicamente sistematizados, normalizados por leis,
dentre os quais destacam-se o de formar o indivíduo como um cidadão ativo,
desenvolver habilidades e competências várias, desenvolver a criatividade,
percepção, motricidade etc. A educação informal socializa os indivíduos,
desenvolve hábitos, atitudes, comportamentos, modos de pensar e de se expressar
no uso da linguagem, segundo valores e crenças de grupos que se freqüenta ou
que pertence por herança, desde o nascimento Trata-se do processo de
socialização dos indivíduos. A educação não- formal capacita os indivíduos a se
tornarem cidadãos do mundo, no mundo. Sua finalidade é abrir janelas de
conhecimento sobre o mundo que circunda os indivíduos e suas relações sociais.
Seus objetivos não são dados a priori, eles se constroem no processo
interativo, gerando um processo educativo.Um modo de educar surge como
resultado do processo voltado para os interesses e as necessidades que dele
participa. A construção de relações sociais baseadas em princípios de igualdade
e justiça social, quando presentes num dado grupo social, fortalece o exercício
da cidadania. A transmissão de informação e formação política e sócio cultural
é uma meta na educação não formal. Ela preparar os cidadãos, educa o ser humano
para a civilidade, em oposição à barbárie, ao egoísmo, individualismo etc.
Quais
são os principais atributos de cada uma das modalidades educativas que estamos
diferenciando? A educação formal requer tempo, local específico, pessoal
especializado. Organização de vários tipos (inclusive a curricular),
sistematização seqüencial das atividades, disciplinamento, regulamentos e leis,
órgãos superiores etc. Ela tem caráter metódico e, usualmente, divide-se por
idade/ classe de conhecimento. A educação informal não é organizada, os
conhecimentos não são sistematizados e são repassados a partir das práticas e
experiência anteriores, usualmente é o passado orientando o presente. Ela atua
no campo das emoções e sentimentos. É um processo permanente e não organizado.
A educação não -formal tem outros atributos: ela não é, organizada por séries/
idade/conteúdos; atua sobre aspectos subjetivos do grupo; trabalha e forma a
cultura política de um grupo. Desenvolve laços de pertencimento. Ajuda na
construção da identidade coletiva do grupo (este é um dos grandes destaques da
educação nãoformal na atualidade); ela pode colaborar para o desenvolvimento da
auto-estima e do empowerment do grupo, criando o que alguns analistas
denominam, o capital social de um grupo. Fundamenta-se no critério da
solidariedade e identificação de interesses comuns e é parte do processo de
construção da cidadania coletiva e pública do grupo.
Quais
são os resultados esperados em cada campo assinalado?
Na
educação formal espera-se, além da aprendizagem efetiva (que, infelizmente nem
sempre ocorre), há a certificação e titulação que capacitam os indivíduos a
seguir para graus mais avançados. Na educação informal os resultados não são
esperados, eles simplesmente acontecem a partir do desenvolvimento do senso
comum nos indivíduos, senso este que orienta suas formas de pensar e agir
espontaneamente. A educação não- formal poderá desenvolver, como resultados,
uma série de processos tais como:
*
consciência e organização de como agir em grupos coletivos;
* a
construção e reconstrução de concepção (s) de mundo e sobre o mundo,;
* a
contribuição para um sentimento de identidade com uma dada comunidade;
*
forma o indivíduo para a vida e suas adversidades ( e não apenas capacita-o
para entrar no mercado de trabalho);
*
quando presente em programas com crianças ou jovens adolescentes a educação
não-formal resgata o sentimento de valorização de si próprio (o que a mídia e
os manuais de auto-ajuda denominam, simplificadamente, como a auto-estima); ou
seja dá condições aos indivíduos para desenvolverem sentimentos de
autovalorização, de rejeição dos preconceitos que lhes são dirigidos, o desejo
de lutarem para de ser reconhecidos como iguais (enquanto seres humanos),
dentro de suas diferenças (raciais, étnicas, religiosas, culturais etc.);
* os
indivíduos adquirem conhecimento de sua própria prática, os indivíduos aprendem
a ler e interpretar o mundo que os cerca.
3. ALGUMAS
CARACTERÍSTICAS DA EDUCAÇÃO NÃO-FORMAL: METAS, LACUNAS E METODOLOGIAS
A
seguir listamos algumas características que a educação não formal pode atingir
em termos de metas. Consideramos estas metas como um campo a ser desenvolvido
pela Pedagogia Social:
*
Aprendizado quanto a diferenças - aprende-se a conviver com demais.
Socializa-se o respeito mútuo;
*
Adaptação do grupo a diferentes culturas, e o indivíduo ao outro, trabalha o
"estranhamento";
*
Construção da identidade coletiva de um grupo;
*
Balizamento de regras éticas relativas às condutas aceitáveis socialmente.
O que
falta na educação não-formal:
*
Formação específica a educadores a partir da definição de s eu papel e
atividades a realizar;
*
Definição de funções e objetivos de educação não formal;
*
Sistematização das metodologias utilizadas no trabalho cotidiano;
*
Construção de instrumentos metodológicos de avaliação e análise do trabalho
realizado;
*
Construção de metodologias que possibilitem o acompanhamento do trabalho
realizado;
*
Construção de metodologias que possibilitem o acompanhamento do trabalho de
egressos que participaram de programas de educação não formal;
*
Criação de metodologias e indicadores para estudo e análise de trabalhos da
educação não formal em campos não sistematizados. Aprendizado gerados pela
vontade do receptor;
*
Mapeamento das formas de educação não formal na auto aprendizagem dos cidadãos
(principalmente jovens no campo da auto aprendizagem musical);
*
Metodologias
A
questão da metodologia merece um destaque porque é um dos pontos mais fracos na
educação não formal e a comparação com as outras modalidades educativas que
utilizamos no item anterior não nos ajuda muito. De toda forma, na educação
formal as metodologias são, usualmente, planificada previamente segundo
conteúdos prescritos nas leis. As metodologias de desenvolvimento do processo
ensino/aprendizagem são compostas por um leque grande demodalidades, temas e
problemas e não vamos adentrar neste debate porque não é nossa área de
conhecimento. A educação informal tem como método básico à vivência e a
reprodução do conhecido, a reprodução da experiência segundo os modos e as
formas como foram apreendidas e codificadas. Na educação não formal, as
metodologias operadas no processo de aprendizagem parte da cultura dos
indivíduos e dos grupos. O método nasce a partir de problematização da vida
cotidiana; os conteúdos emergem a partir dos temas que se colocam como
necessidades, carências, desafios, obstáculos ou ações empreendedoras a serem
realizadas; os conteúdos não são dados a priori. São construídos no processo. O
método passa pela sistematização dos modos de agir e de pensar o mundo que
circunda as pessoas. Penetra-se portanto no campo do simbólico, das orientações
e representações que conferem sentido e significado às ações humanas. Supõe a
existência da motivação das pessoas que participam. Ela não se subordina às
estruturas burocráticas. É dinâmica. Visa a formação integral dos indivíduos.
Neste sentido tem um caráter humanista. Ambiente não formal e mensagens
veiculadas "falam ou fazem chamamentos" às pessoas e coletivos, e as
motivam. Mas como há intencionalidades nos processos e espaços da educação
nãoformal, há caminhos, percursos, metas, objetivos estratégicos que podem se
alterar constantemente. Há metodologias, em suma, que precisam ser
desenvolvidas, codificadas, ainda que com alto grau de provisoriedade pois o
dinamismo, a mudança, o movimento da realidade segundo o desenrolar dos
acontecimentos, são as marcas que singularizam a educação não-formal.
Qualquer
que seja o caminho metodológico construído ou reconstruído, é de suma
importância atentar para o papel dos agentes mediadores no processo: os
educadores, os mediadores, assessores, facilitadores, monitores, referências,
apoios ou qualquer outra denominação que se dê para os indivíduos que trabalham
com grupos organizados ou não. Eles são fundamentais na marcação de
referenciais no ato de aprendizagem, eles carregam visões de mundo, projetos
societários, ideologias, propostas, conhecimentos acumulados etc. Eles se
confrontarão com os outros participantes do processo educativo, estabelecerão
diálogos, conflitos, ações solidárias etc. Eles se destacam no conjunto e por
meio deles podemos conhecer o projeto sócio-educativo do grupo, a visão de
mundo que estão construindo, os valores defendidos e os que são rejeitados.
Qual o projeto político-cultural do grupo em suma.
Para
finalizar a primeira parte deste texto destacamos que diferenciamos a educação
nãoformal de outras propostas educativas, que também se apresentam como
educação social, mas que tem um caráter conservador. A maioria dessas propostas
se voltam para os grupos sociais dos excluídos objetivando, na maior parte das
vezes apenas inseri-los no mercado de trabalho, com práticas assistencialistas
apoiadas por políticas sociais compensatórias. Entendemos a educação não formal
como aquela voltada para o ser humano como um todo, cidadão do mundo, homens e
mulheres, numa perspectiva da emancipação, numa pedagogia libertadora e não
integradora a uma dada ordem social desigual . Em hipótese NENHUMA a educação
não formal substitui ou compete com a Educação Formal, com a educação escolar.
Poderá ajudar na complementação dessa última, via programações específicas,
articulando a escola e a comunidade educativa localizada no território de entorno
da escola. A educação nãoformal tem alguns de seus objetivos próximos da
educação formal, como a formação de um cidadão pleno, mas ela tem também a
possibilidade de desenvolver alguns objetivos que lhes são específicos, via a
forma e os espaços onde se desenvolvem suas práticas, a exemplo de um conselho ou
a participação em uma luta social, contra as discriminações, por exemplo, a
favor das diferenças culturais etc. Resumidamente podemos enumerar os objetivos
da educação não formal como sendo: uma educação para cidadania. Esta educação
abrange os seguintes eixos:
a)
Educação para justiça social;
b)
Educação para direitos (humanos, sociais, políticos, culturais etc.);
c)
Educação para liberdade;
d)
Educação para igualdade;
e)
Educação para democracia;
f)
Educação contra discriminação;
g)
Educação pelo exercício da cultura, e para a manifestação das diferenças
culturais.
4. A EDUCAÇÃO NÃO FORMAL
EM AÇÃO
Conselhos e Colegiados na Escola: Espaços de
Educação Não Formal
Observa-se
que inúmeras inovações no campo democrático advêm das práticas geradas pela
sociedade civil que alteram a relação estado-sociedade ao longo do tempo e
constroem novas formas políticas de agir, especialmente na esfera pública não
estatal. De fato, são inúmeras as novas práticas sociais expressas em novos
formatos institucionais da participação, tais como os conselhos, os fóruns, as
assembléias populares e as parcerias. Em todas elas a educação não formal está
presente, como processo de aprendizagem de saberes aos e entre seus
participantes.
Ao
analisarmos as possibilidades de participação da comunidade educativa em uma
escola, articulando-a aos processos de aprendizagem não formal que os métodos
de gestão participativa desenvolvem, não podemos deixar de tecer algumas
considerações sobre as estruturas de participação que já existem no interior
das escolas, a exemplo dos distintos e diferenciados colegiados e conselhos.
Nos conselhos se entrecruzam necessidades advindas da prática da educação
formal/escolar, com a educação não formal, principalmente no que se refere à
participação dos pais e outros membros da comunidade educativa nas suas
reuniões.
Observa-se
que o processo brasileiro de descentralização da educação não descentralizou,
de fato, o poder no interior das escolas. Usualmente, esse poder continua nas
mãos da diretora ou gestora, que o monopoliza, faz a pauta das reuniões dos
conselhos e colegiados escolares, não a divulga com antecedência etc. A
comunidade externa e os pais não dispõem de tempo e, muitas vezes, nem avaliam
a relevância de participar ou de estarem presentes nas reuniões. Além disso,
usualmente, esses pais não estão preparados para entender as questões do
cotidiano das reuniões, como as orçamentárias. Só exercem uma participação
ativa nos colegiados aqueles pais com experiência participativa anterior,
extra-escolar, revelando a importância da participação dos cidadãos (ãs) em
ações coletivas na sociedade civil. O caráter educativo que essa participação
adquire, quando ela ocorre em movimentos sociais comunitários, organizados em
função de causaspúblicas, prepara os indivíduos para atuarem como
representantes da sociedade civil organizada. E os colegiados escolares são uma
dessas instâncias.
Muitos
funcionários das escolas são membros dos conselhos e dos colegiados escolares
mas, usualmente, exercitam um pacto do silêncio, não participando de fato e
servindo de "modelo passivo" para outros setores da comunidade
educativa que compõem um colegiado. Por que eles se comportam assim? Porque, na
maioria dos casos, estão presentes para referendar demandas corporativas, ou
para fortalecer diretorias centralizadoras. Como elo mais fraco do poder, eles
participam para "compor", para dar número e quorum necessários aos
colegiados, contribuindo com esse comportamento para não construir nada e nada
mudar.
Por
que isso ocorre? Porque, embora os colegiados sejam um espaço legítimo e de
direito, e uma conquista para o exercício da cidadania, até por serem previstos
em lei, essa cidadania tem que ser qualificada e construída na prática. Os
projetos políticos dos representantes dos diferentes segmentos e grupos, seus
valores, visões de mundo etc. interferem na dinâmica desses processos
participativos. Para terem como meta projetos emancipatórios, eles devem ter
como lastro de suas ações os princípios da igualdade e da universalidade. Os
colegiados devem construir ou desenvolver essa sensibilidade por meio de um
conjunto de valores que venham a ser refletidos em suas práticas. Sem isso,
temos uma inclusão excludente: aumento do número de alunos nas escolas e
estruturas descentralizadas que não ampliam de fato a intervenção da comunidade
na escola. Temos setores que pretensamente estão representando o interesse
público, mas que na realidade defendem o interesse de grupos e corporações, ou
a manutenção do poder tradicional, cujo papel é exercer o controle, a
vigilância em razão de uma falsa participação ordeira e voltada para a
responsabilização da comunidade (pais, mães e outros mais ) nas ações em que o
Estado se omite (vide SILVA, 2003).
Não se
deve perder de vista que, por intermédio dos Conselhos, a sociedade civil
exercita o direito de participar da gestão de diferentes políticas públicas,
tendo a possibilidade de exercer maior fiscalização e controle sobre o Estado,
em suas políticas públicas. Os fóruns são frutos das redes tecidas nos anos 70/80
que possibilitaram aos grupos organizados olhar para além da dimensão do local;
têm abrangência nacional e são fontes de referência e comparação para os
próprios participantes. As assembléias e plenárias têm ganhado formatos
variados que vão de encontros regulares e periódicos entre especialistas,
interessados e gestores públicos, como no caso da saúde, a observatórios e
grupos semi-institucionalizados do orçamento participativo. As novas práticas
constituem, assim, um novo tecido social denso e diversificado, tencionam as
velhas formas de fazer política e criam novas possibilidades concretas para o
futuro, em termos de opções democráticas. As novas práticas de interação
escola/representantes da sociedade civil organizada devem ser examinadas à luz
dos processos da educação não-formal caracterizados na primeira parte deste
texto. São aprendizagens que estão gerando saberes. Processos difíceis,
tensionados mas educativos para todos, pelo que trazem de novo, pela
resistência ou pela reiteração obstinada do velho, que não quer ceder à pressão
das novas forças
5.
COOPERATIVISMO
E ASSOCIATIVISMO
A
importância dos líderes no processo de desenvolvimento:
·
Criar, decidir e ter iniciativa;
·
Ter esperança e acreditar que a mudança
é possível;
·
Ser capaz;
·
Respeitar os valores e ser tolerante;
·
Ensinar, aprender e construir juntos;
·
Ver as potencialidades e não só as
dificuldades;
·
Solidarizar-se;
·
Respeitar as diferenças e cooperar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os
projetos sociais realizados como atos de educação não formal, muitas vezes com
objetivos de cursos profissionalizantes são iniciativas individuais ou
coletivas que visam proporcionar a melhoria da qualidade de vida de pessoas e
comunidades. Por meio de contribuições voluntárias, a sociedade se mobiliza,
organizando e desenvolvendo projetos e ações sociais para transformar
determinada realidade para o bem comum.
Os
projetos educativos não formais e profissionalizantes são um exercício de
cidadania, pois envolvem as pessoas para além do seu campo de vivência,
permitindo a transposição de barreiras em benefício do outro. Eles são um meio
para que haja maior conscientização do indivíduo diante do papel que desempenha
no contexto da sociedade em que vive.
A
afirmação deste novo perfil participante e responsável da sociedade brasileirase
traduz na busca de novas formas de articulação entre organizações do Terceiro
Setor,órgãos governamentais e empresas.
Valorizar
a co-responsabilidade dos cidadãos não significa eximir o Governo desuas
responsabilidades. Significa reconhecer que a parceria com a sociedade é
quepermite ampliar a mobilização de recursos para iniciativas de interesse
público. Nomundo contemporâneo, a democracia como exercício quotidiano não é
mais possívelsem a presença e ação fiscalizadora dos cidadãos. O papel de uma
sociedade informadae atuante não é o de esperar tudo do Estado. Cuidar junto
aparece, cada vez mais, comoalternativa eficiente e democrática.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
AFONSO, Almerindo Janela. Por Favor elejam o B: O Associativismo
Estudantil na Escola Secundária. Lisboa, Conselho Econômico e Social, 159, [3]
p, 1998.
ALBUQUERQUE, Rosana, Évora,
Lígia, Viegas, Telma. O Fenômeno
Associativo em Contexto Migratório.Duas
Décadas de Associativismo de Imigrantes em Protugal.Celta Editora, VIII, 79
p. 2000
FREIRE, João Silva, Carlos Dias
da. Consumidores em Movimento: Uma Força
Associativa em Construção. Lisboa,CIES. 2001
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