QUALIDADES DO PROFESSOR PROGRESSISTA


Essa característica exige do professor coragem, confiança em si mesmo, respeito a si e aos outros, o que não significa acomodação ou covardia.
            O professor que tem humildade entende que ninguém sabe tudo assim como ninguém ignora tudo.Não há como conciliar a “adesão ao sonho democrático, a superação de preconceitos com a postura humilde, arrogante, na qual nos sentimos cheios de nós mesmos” (FREIRE, 2003, p. 56).
            Freire (2003) afirma que o bom senso é um dos auxiliares fundamentais, porque adverte quando o professor está perto a ultrapassar a partir dos quais se perde.
            A arrogância e a empáfia não têm a ver com a mansidão do humilde. Para o autor, “uma das expressões da humildade é a segurança insegura, a certeza incerta e a não certeza demasiada certa de si mesmo” (FREIRE, 2003, p. 56).
            Amorosidade: Para Freire (2003), a prática docente sem amorosidade, tanto pelos alunos como pelo processo de ensinar, perde o seu significado.
            Coragem: para o autor, a coragem de lutar está ao lado da coragem de amar. O professor não tem que esconder seus temores, mas não pode deixar que eles o imobilizem. A coragem emerge no exercício de controle do medo.
            Tolerância: Segundo Freire (2003, p. 56), “a tolerância é a virtude que nos ensina a conviver com o diferente”. Sem ela, é impossível uma prática pedagógica séria e uma experiência democrática autêntica torna-se inviável. A tolerância possibilita aprender com o diferente e requer respeito, disciplina e ética.
            Para Freire (2003), decisão, segurança, tensão entre paciência e impaciência e a alegria de viver são qualidades que estão agrupadas e articuladas entre si. A capacidade de decidir do professor é imprescindível para seu trabalho educativo. Se ele não for capaz de fazer decisões, os alunos podem entender essa deficiência como fraqueza moral ou incompetência profissional. No entanto, ele não pode ser arbitrário em suas decisões.
            Segurança, como qualidade do professor progressista, exige competência científica, clareza política e integridade ética. Para o autor, o professor não terá segurança de seu trabalho pedagógico se não souber fundamentá-lo cientificamente ou se não entender por que e para que o faz.
            A tensão entre a paciência e a impaciência constitui-se, segundo Freire (2003), como uma das qualidades fundamentais do professor. A paciência não pode ser separada da impaciência.
            A primeira, sozinha, faz o professor acomodar-se, renunciar ao sonho democrático, imobilizar-se, faz com que ele tenha um discurso enfraquecido e conformado. A impaciência isolada, por sua vez, ameaça o êxito da prática docente com a arrogância do professor. Para Freire (2003, p. 62), “a virtude está, pois, em nenhuma delas sem a outra, mas em viver a permanente tensão entre elas”.A parcimônia verbal vincula-se à tensão entre a paciência e a impaciência. Quem assume tal tensão só perde o controle sobre sua fala em situações excepcionais, raramente excede os limites de seu discurso, que é enérgico, mas equilibrado.
            Freire (2003) afirma que educando com humildade, amorosidade, coragem, tolerância, competência, capacidade de decidir, segurança, eticidade, justiça, tensão entre paciência e impaciência, parcimônia verbal, mesmo com falhas e incoerências, mas com disposição para superá-las, o professor cria uma escola feliz e alegre.
            Hoje, espera-se do professor o preparo teórico-prático capaz de superar a fragmentação entre os domínios do conhecimento, para que ele alcance uma visão interdisciplinar.
Para tanto, são necessárias, segundo Libâneo (1998, p. 30-31), exigências como: conhecer estratégias do ensinar a pensar, ensinar a aprender a aprender; pode-se aprender a aprender de muitas maneiras, inclusive mediante o ensino.
Estratégias de aprendizagem são “a estruturação de funções e recursos cognitivos, afetivos ou psicomotores que o indivíduo leva a cabo nos processos de cumprimento de objetivos de aprendizagem” (LIBÂNEO, 1998, p. 30-31).
            Ensinar a pensar exige dos professores o conhecimento de estratégias de ensino e o desenvolvimento de suas próprias competências do pensar. Segundo Leite (2006),

[...] se o professor não dispõe de habilidade de pensamento, se não sabe ‘aprender a aprender’, se é incapaz de organizar e regular suas próprias atividades de aprendizagem, será impossível ajudar os alunos a potencializarem suas capacidades cognitivas.
           
           
            Ensinar a pensar criticamente: o professor deve ser capaz de problematizar situações, de pensar criticamente, de aplicar conceitos como forma de apropriação dos objetos de conhecimento a partir de um enfoque totalizante da realidade.
            Desenvolver a capacidade comunicativa: o professor deve atentar-se a outros meios de comunicação – formas mais eficientes de expor e explicar conceitos e de organizar a informação, demonstrar objetos ou processos – e dominar a linguagem informal, a postura corporal, o controle da voz, o conhecimento e o uso dos meios de comunicação na sala de aula.
            Reconhecer o impacto das novas tecnologias na sala de aula: a escola deve, segundo Leite (2006), “[...] aproveitar a riqueza de recursos externos para orientar as discussões, preencher as lacunas do que não foi aprendido e ensinar os alunos a estabelecer distâncias críticas com o que é vinculado pelos meios de comunicação”.Além de fazer parte do conjunto das mediações culturais que caracterizam o ensino, os meios de comunicação podem ser usados como recursos didáticos.
            Atualização científica, técnica e cultural – formação continuada: o exercício do trabalho docente requer um esforço contínuo de atualização científica na área de conhecimento dominada pelo professor e em outras áreas relacionadas, bem como a incorporação das inovações tecnológicas.
            Para Leite (2006), [...] o professor precisa juntar a cultura geral, a especialização disciplinar e a busca de conhecimentos conexos com sua matéria, porque formar um cidadão hoje é, também, ajudá-lo a se capacitar para lidar praticamente com noções e problemas surgidos nas mais variadas situações, tanto do trabalho quanto sociais, culturais, éticas. [...] Essa atitude implica em saber discutir soluções para problemas a partir de diferentes enfoques (interdisciplinaridade), contextualizar o objeto de estudo em sua dimensão ética e sociocultural, ter capacidade de trabalhar em equipe.
            Integrar a dimensão afetiva no exercício docente: a aprendizagem de conceitos, habilidades e valores está envolvida com sentimentos ligados às relações familiares escolares e aos outros ambientes em que os alunos vivem. Para proporcionar uma aprendizagem significativa, o professor deve conhecer e compreender os interesses, necessidades e motivações característicos de cada um; deve ter capacidade de comunicação com o mundo do outro, sensibilidade para situar a relação docente no contexto físico, social e cultural do aluno.
            Desenvolver comportamento ético, segundo Libâneo (1998), é saber orientar os alunos em valores e atitudes em relação à vida, ao ambiente, às relações humanas, a si próprios.
            O professor não é apenas aquele que transmite o conhecimento, mas, sobretudo, aquele que subsidia o aluno no processo de construção do saber. Para tanto, é imprescindível que ele domine não apenas o conteúdo de seu campo específico, mas também a metodologia e didática eficientes na missão de organizar o acesso dos alunos ao saber. E não apenas o saber específico de determinadas matérias, mas o saber para a vida; o saber ser gente com ética, dignidade, valorizando a vida, o meio ambiente, a cultura.
            Mais que transmitir conteúdos das disciplinas programadas para o desenvolvimento intelectual da humanidade, é necessário ensinar os alunos a serem cidadãos, mostrar a eles seus deveres e direitos.
            O professor deve trabalhar valores para formar pessoas que saibam a importância de respeitar, ouvir, ajudar e amar o próximo. Freire (1996, p. 106) diz: “me movo como educador, porque primeiro me movo como gente”.
            O educador brasileiro Paulo Freire (1996) diz que as qualidades do professor progressista vão sendo construídas na prática pedagógica coerentemente comasua opção política de natureza crítica.
            O objetivo do projeto, que deu origem a esse artigo, foi apresentar na prática o pensamento pedagógico presente nas obras de Lobato, a contextualização da aprendizagem presente em suas obras e abordagens que contemporaneamente se pode fazer e, exemplificando, apresentamos como trabalhar os temas transversais nas obras do referido autor.

Comentários

Postar um comentário