Cursos de Medicina

GO: Ministro defende cursos de Medicina no interiorPDFImprimirE-mail
11-AGO-2014


Primeira turma de estudantes no curso do campus de Jataí da universidade começam a ter aula hoje
Patrícia Drummond - O POPULAR - GO

Os 30 estudantes que integram a primeira turma do curso de Medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG) em Jataí, na Região Sudoeste do Estado, distante cerca de 320 quilômetros de Goiânia, terão hoje a sua aula inaugural, com a presença do ministro da Saúde, Arthur Chioro. Na avaliação dele - que concedeu entrevista exclusiva ao POPULAR, por e-mail -, com a instalação do curso, no interior, o atual contexto - de migração dos profissionais formados para capitais ou regiões mais populosas do Brasil -, deve apresentar mudanças significativas, e em vários aspectos.
"As medidas estruturantes previstas no Programa Mais Médicos ajudarão a mudar esta realidade", considera o ministro. "Ao fazermos o ensino chegar às localidades onde faltam profissionais, estamos tendo o cuidado de que esses locais tenham hospitais, unidades de saúde e ambulatórios estruturados para recebê-los. Para isso, estamos investindo na melhoria de toda a rede de saúde, disponibilizando recursos para que os municípios construam, qualifiquem e equipem Unidades Básicas de Saúde, Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) 24 horas e hospitais", argumenta.
Além disso, destaca Chioro, a interiorização das vagas nos cursos de graduação será também acompanhada pela interiorização de vagas em residência médica - algo que, segundo ele, conforme demonstram estudos na área, contribui bastante para a fixação dos especialistas formados nas localidades onde cursaram o programa de especialização. "Com isso, ajudaremos a criar condições para que esses médicos permaneçam nos locais em que estão se formando, a exemplo de diversos países do mundo onde políticas desta natureza já são implementadas há décadas", acrescenta o ministro da Saúde.
A mesma tese é defendida pelo reitor da UFG, professor Orlando Afonso Valle do Amaral, que, com base nos princípios apresentados pelo ministro Arthur Chioro, também acredita na permanência, na região, dos futuros médicos formados pela UFG de Jataí. "Estrutura para isso irá existir, já que todos os requisitos estabelecidos para a abertura do curso estão sendo integralmente atendidos", pondera Amaral, lembrando que a regional da instituição, no sudoeste goiano, "já tem a base estruturada para receber a graduação em Medicina há muito tempo".
CONDIÇÕES PLENAS
"Temos todas as plenas condições para funcionar, e muito bem", assegura o reitor da UFG. "Nossa expectativa, embora isso não seja uma garantia, é que, com a formação desses profissionais na graduação e na residência, estejamos contribuindo para a presença de mais médicos no interior do Estado, hoje concentrada nas metrópoles e capitais, suprindo uma carência que é percebida não penas em Goiás, mas em todo o País", completa Orlando Amaral.
Com relação à posição anunciada publicamente pelo Conselho Regional de Medicina (Cremego), contra a abertura de novas faculdades na área, o reitor da Federal é sucinto: "Acreditamos que as críticas do Cremego digam respeito mais a outros cursos, não a esse curso específico, da UFG". De acordo com Amaral, de um total de 60 professores, 23 já estão devidamente contratados pela instituição, para a nova graduação, oriundos tanto de Jataí quanto de Goiânia, como também de São Paulo; "tudo, dentro de critérios rígidos de seleção".
A estrutura física necessária para as aulas, conforme o reitor, também já está pronta. Inicialmente, as aulas teóricas do curso serão ministradas no Câmpus Riachuelo, onde foram realizadas, com o apoio da Prefeitura de Jataí, obras de ampliação e reforma para melhor adequação dos espaços. Algumas aulas práticas serão ministradas no Câmpus Cidade Universitária, onde se concentram os laboratórios da Regional Jataí da UFG, onde estudam alunos de outros cursos da área de Saúde, como Ciências Biológicas e Enfermagem, entre outros. A construção do bloco definitivo para as turmas de Medicina deverá ter início "em breve", segundo Orlando Amaral, já que a obra está devidamente licitada e contratada.
"O Brasil tem menos médicos do que precisa"
Em entrevista por e-mail ao POPULAR, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, falou sobre suas expectativas quanto aos cursos de Medicina autorizados em Goiás bem como as mudanças esperadas na saúde pública. Confira:

O senhor espera alguma mudança no quadro da saúde pública a partir do momento em que começarem a se formar as turmas dos novos cursos de Medicina que estão começando em Goiás?
Estamos falando de formar mais e melhores médicos no Brasil, com uma formação adequada à nossa realidade de saúde e às necessidades da população. O resgate de um caráter mais humanizado, o caráter integral e o compromisso social da Medicina em tempos em que interesses mercadológicos se colocam, em diversos momentos, acima das pessoas, influenciando a prática médica, precisa ser trabalhado junto aos futuros médicos desde o primeiro momento que entram nos cursos. Esperamos contribuir com médicos que conheçam a realidade de vida das pessoas por eles cuidadas, com uma formação comprometida com os problemas da população brasileira.

Com os novos cursos de Medicina autorizados pelo MEC, inclusive os 4 em Goiás, o programa Mais Médicos pode ser encerrado?
É importante ressaltar que todas essas medidas voltadas para a formação fazem parte do Programa Mais Médicos. O provimento de médicos com a chamada de profissionais brasileiros e estrangeiros é uma medida emergencial dentro do Programa e provisória. Portanto, eles serão substituídos por médicos brasileiros ao longo da implementação do Programa.

No final de julho, o Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego) condenou o que eles chamam de abertura indiscriminada de escolas médicas no Estado. O que o senhor tem a dizer?
Hoje todos admitem que faltam médicos para garantir o cuidado em saúde a toda a população brasileira. O Brasil tem menos médicos generalistas e especialistas do que precisa e por isso é necessário formar mais, e com qualidade. Considerando a quantidade de vagas para cursos de Medicina em relação ao tamanho de nossa população, há ainda um déficit importante. Apesar da existência de pouco mais de 200 cursos no país, nossa proporção é de somente 0,8 vagas de graduação para cada 10.000 habitantes. A Argentina possui 3,2 vagas por 10.000 habitantes.

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