Animais que curam
Descubra como melhorar o desenvolvimento de crianças com deficiência intelectual incorporando na rotina escolar o convívio com animais
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Há muitos anos especialistas destacam as vantagens em se trabalhar com animais como forma de ajudar no desenvolvimento de pessoas e, principalmente, de crianças com deficiências. Porém, foi a infinidade de dizeres sobre o assunto, somado à falta de pesquisas realmente comprovadas, que motivou as psicólogas especialistas em Educação Especial Patrícia Sidorenko de liveira Capote e Maria da Piedade Resende da Costa a desenvolverem suas dissertações de mestrado nesse campo, o que resultou agora no livro Terapia Assistida por Animais.
O livro se destina tanto a profissionais (psicólogos, pedagogos, terapeutas ocupacionais e professores de Educação Física) como também aos pais de crianças com deficiência intelectual, que buscam a melhoria da qualidade de vida de seus filhos e seu desenvolvimento psicomotor, por meio de uma prática que coloca o animal como parte integrante e principal do tratamento.
Acompanhe a entrevista concedida por Patrícia à equipe do Guia Prático e veja as suas sugestões de como colocar em prática os benefícios que podem trazer o convívio com animais dentro de uma escola, principalmente com crianças com deficiência intelectual.
Dica esperta! ![]() É preciso lembrar que há necessidade de que os animais sejam saudáveis e limpos. É necessária uma boa alimentação, consultas com médico veterinário devem ser periódicas e os animais serem vermifugados. Isso acarreta gastos. É preciso avaliar todos esses aspectos antes de inserir o trabalho de TAA. |
![]() Interagir com os animais pode contribuir para o desenvolvimento das crianças porque elas sorriem mais, brincam, melhoram a atenção; ajuda nas verbalizações. |
Dica esperta! ![]() Formar parcerias com profissionais que estão envolvidos com algum tipo de trabalho desse gênero pode ser interessante para a escola que deseja implantar esse tipo de atividade com animais. |
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Patrícia Sidorenko de Oliveira Capote
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Guia Prático para Professores de Educação Infantil - Qual o objetivo de vocês ao escreverem o livro Terapia Assistida por Animais?
Patrícia Sidorenko de Oliveira Capote - Essa é uma obra que se originou da dissertação de mestrado em Educação Especial realizada na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Primeiramente, a ideia da dissertação foi contribuir com as pesquisas nessa área aqui no Brasil. As pesquisas sobre a Terapia Assistida por Animais (TAA) no Brasil são restritas, comparando-as com outros países. Até o ano de 2009 foram encontradas 13 relatos sobre o assunto (seis artigos, três teses/dissertações, quatro livros) no Brasil e 42 artigos internacionais. Outra preocupação era que a literatura proposta no Brasil não apresentava em sua maioria rigor metodológico. Os artigos eram reportagens mostrando os benefícios dessa técnica, mas não demonstravam como essa informação era colhida. Então, esse foi um ponto motivador também. Queríamos com a nossa pesquisa demonstrar rigor metodológico para que, se alcançássemos resultados positivos, tivéssemos uma literatura para seguir como exemplo. Não encontramos também, mesmo nas pesquisas internacionais, intervenções feitas com direcionamento de profissionais envolvidos nas atividades. Muitas vezes, eram pesquisas que buscavam examinar o comportamento dos participantes diante de situações que contavam apenas com a presença do animal. Além disso, gostaríamos de saber se realmente havia resultados positivos. Sabíamos disso na prática de forma subjetiva. Gostaríamos de comprovar isso.
Patrícia Sidorenko de Oliveira Capote - Essa é uma obra que se originou da dissertação de mestrado em Educação Especial realizada na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Primeiramente, a ideia da dissertação foi contribuir com as pesquisas nessa área aqui no Brasil. As pesquisas sobre a Terapia Assistida por Animais (TAA) no Brasil são restritas, comparando-as com outros países. Até o ano de 2009 foram encontradas 13 relatos sobre o assunto (seis artigos, três teses/dissertações, quatro livros) no Brasil e 42 artigos internacionais. Outra preocupação era que a literatura proposta no Brasil não apresentava em sua maioria rigor metodológico. Os artigos eram reportagens mostrando os benefícios dessa técnica, mas não demonstravam como essa informação era colhida. Então, esse foi um ponto motivador também. Queríamos com a nossa pesquisa demonstrar rigor metodológico para que, se alcançássemos resultados positivos, tivéssemos uma literatura para seguir como exemplo. Não encontramos também, mesmo nas pesquisas internacionais, intervenções feitas com direcionamento de profissionais envolvidos nas atividades. Muitas vezes, eram pesquisas que buscavam examinar o comportamento dos participantes diante de situações que contavam apenas com a presença do animal. Além disso, gostaríamos de saber se realmente havia resultados positivos. Sabíamos disso na prática de forma subjetiva. Gostaríamos de comprovar isso.
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EI - De que forma conseguiram chegar aos resultados?
Patrícia - Para verificar se realmente havia resultados positivos, propomos um experimento com grupo controle. Participaram desse estudo 12 crianças com idade de 9 a 13 anos, separados em dois grupos aleatoriamente (grupo controle e experimental) que frequentavam instituição escolar especial. Elas tinham diagnóstico de deficiência mental e não apresentavam medo de animais. A TAA foi executada com dois cães de pequeno porte. As crianças do grupo experimental receberam a intervenção com a presença dos cães e profissional. O grupo controle recebeu intervenção apenas com o profissional. Anteriormente - e após o experimento - foram aplicadas avaliação motora e entrevistas com pais e professores nos grupos, e em todas as sessões foram feitas anotações cursivas pós-fato (diário de campo). Estas informações estão completas no livro.
Patrícia - Para verificar se realmente havia resultados positivos, propomos um experimento com grupo controle. Participaram desse estudo 12 crianças com idade de 9 a 13 anos, separados em dois grupos aleatoriamente (grupo controle e experimental) que frequentavam instituição escolar especial. Elas tinham diagnóstico de deficiência mental e não apresentavam medo de animais. A TAA foi executada com dois cães de pequeno porte. As crianças do grupo experimental receberam a intervenção com a presença dos cães e profissional. O grupo controle recebeu intervenção apenas com o profissional. Anteriormente - e após o experimento - foram aplicadas avaliação motora e entrevistas com pais e professores nos grupos, e em todas as sessões foram feitas anotações cursivas pós-fato (diário de campo). Estas informações estão completas no livro.
EI - Como o convívio com animais pode ajudar crianças com deficiência intelectual?
Patrícia - Primeiramente, a relação criança-animal precisa ser positiva para ambos. Por isso, é preciso ter um animal manso. Se há uma criança pequena, que ainda está aprendendo a interagir com pessoas e animais, ou uma pessoa com paralisia cerebral que apresenta movimentos involuntários, não é adequado dar a ela um passarinho, por exemplo. Podem acontecer puxões ou apertões que podem desencadear aspectos negativos nessa relação. Sabemos que puxar e apertar pode acontecer, assim; um cão manso pode ser mais adequado.
Patrícia - Primeiramente, a relação criança-animal precisa ser positiva para ambos. Por isso, é preciso ter um animal manso. Se há uma criança pequena, que ainda está aprendendo a interagir com pessoas e animais, ou uma pessoa com paralisia cerebral que apresenta movimentos involuntários, não é adequado dar a ela um passarinho, por exemplo. Podem acontecer puxões ou apertões que podem desencadear aspectos negativos nessa relação. Sabemos que puxar e apertar pode acontecer, assim; um cão manso pode ser mais adequado.
EI - Que tipo de benefícios essa relação pode trazer?
Patrícia - Observado os objetivos a serem alcançados: clientela, idade e comportamentos envolvidos - tanto da criança como do animal, o convívio com os animais pode contribuir na autoestima, coordenação motora, atenção, verbalização, cuidado com si mesmo, motivação, diminuição de comportamentos agressivos, ou seja, pode ocorrer melhora no desenvolvimento como um todo.
Patrícia - Observado os objetivos a serem alcançados: clientela, idade e comportamentos envolvidos - tanto da criança como do animal, o convívio com os animais pode contribuir na autoestima, coordenação motora, atenção, verbalização, cuidado com si mesmo, motivação, diminuição de comportamentos agressivos, ou seja, pode ocorrer melhora no desenvolvimento como um todo.
EI - De que forma as escolas podem trabalhar com animais em busca da melhoria de crianças com deficiência na Educação Infantil?
Patrícia - É preciso realizar uma avaliação geral, considerando objetivos, estrutura física, financeira, social, entre outras para se escolher o animal adequado. É necessário um animal acostumado com pessoas e com diferentes idades. Não é adequado utilizar um animal só porque ele é tranquilo com a sua família. Ele precisa realizar atividades específicas e ser manso com todas as pessoas, não importando, raça, idade ou comportamentos. Como foi dito, é preciso que a relação seja saudável e adequada para todos os envolvidos. Há uma infinidade de atividades que podem ser desenvolvidas com crianças, adultos e idosos. É necessário que o profissional seja criativo e tenha interesse em realizar essa atividade, além disso, ter paciência, motivação e estimulação, ainda mais, que estará trabalhando com mais um ser vivo, o animal, o que pode dificultar o processo se não for bem planejado e executado. Por isso, é necessário conhecer sobre o animal com que se está trabalhando, como possíveis reações e comportamentos da espécie.
Patrícia - É preciso realizar uma avaliação geral, considerando objetivos, estrutura física, financeira, social, entre outras para se escolher o animal adequado. É necessário um animal acostumado com pessoas e com diferentes idades. Não é adequado utilizar um animal só porque ele é tranquilo com a sua família. Ele precisa realizar atividades específicas e ser manso com todas as pessoas, não importando, raça, idade ou comportamentos. Como foi dito, é preciso que a relação seja saudável e adequada para todos os envolvidos. Há uma infinidade de atividades que podem ser desenvolvidas com crianças, adultos e idosos. É necessário que o profissional seja criativo e tenha interesse em realizar essa atividade, além disso, ter paciência, motivação e estimulação, ainda mais, que estará trabalhando com mais um ser vivo, o animal, o que pode dificultar o processo se não for bem planejado e executado. Por isso, é necessário conhecer sobre o animal com que se está trabalhando, como possíveis reações e comportamentos da espécie.
EI - A partir de qual idade?
Patrícia - Não há restrição de idade, mas sim, a necessidade de prudência.
Patrícia - Não há restrição de idade, mas sim, a necessidade de prudência.
EI - Esse tipo de relação pode ser benéfica também para crianças "sem deficiência" e outras que tenham outros tipos de deficiência?
Patrícia - A TAA pode ser benéfica para todas as crianças em geral e também para adolescentes, adultos e idosos, quando bem utilizada. Verificou-se em pesquisas que pode contribuir para melhorar: a depressão e sentimentos de solidão; níveis mais alto de autoconceito melhora do quadro geral quando hospitalizadas; idas menos frequentes a médicos; enfrentamento a situações de estresse e doenças; vontade de viver, motivação; enfrentamento ao divórcio dos pais; enfrentamento a situações de abuso, negligência e rejeição; dor em hospital pediátrico.
Patrícia - A TAA pode ser benéfica para todas as crianças em geral e também para adolescentes, adultos e idosos, quando bem utilizada. Verificou-se em pesquisas que pode contribuir para melhorar: a depressão e sentimentos de solidão; níveis mais alto de autoconceito melhora do quadro geral quando hospitalizadas; idas menos frequentes a médicos; enfrentamento a situações de estresse e doenças; vontade de viver, motivação; enfrentamento ao divórcio dos pais; enfrentamento a situações de abuso, negligência e rejeição; dor em hospital pediátrico.
![]() Diferentemente da Atividade Assistida por Animais (AAA), em que se encaixam entretenimento, recreação e distração, a TAA é uma prática que emprega o animal como parte integrante e principal do tratamento, objetivando promover o bem-estar e a melhora psíquica, social, cognitiva e até física dos pacientes humanos. |
★ Terapia Assistida por Animais Autoras: Patrícia Sidorenko de Oliveira Capote e Maria da Piedade Resende da Costa Editora: EdUFSCAR Preço: R$ 20,60 Onde encontrar: www.escalaeducacional.com.br |
![]() Ao digitar "Terapia Assistida por Animais" no site www. youtube.com.br é possível ver alguns vídeos sobre o tema. |
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Trabalhando com calopsitas
● Pedir para as crianças darem comida.
● Se a calopsita for mansa, ela aceita contato e gosta de carinho, canta e as crianças podem passear com ela no ombro.
● As crianças podem desenhar e contar histórias envolvendo situações de pássaros.
● Pedir para as crianças darem comida.
● Se a calopsita for mansa, ela aceita contato e gosta de carinho, canta e as crianças podem passear com ela no ombro.
● As crianças podem desenhar e contar histórias envolvendo situações de pássaros.
Sendo motivo de interesse
A professora pode levar um animal para a sala de aula e desenvolver atividades relacionadas a ele (sistema digestivo, reprodutor, explanar sobre o país de origem, comportamento da espécie, entre outras) e relacionar ao ser humano.
A professora pode levar um animal para a sala de aula e desenvolver atividades relacionadas a ele (sistema digestivo, reprodutor, explanar sobre o país de origem, comportamento da espécie, entre outras) e relacionar ao ser humano.
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Dica esperta!![]() De acordo com Patrícia, as atividades podem desenvolver a atenção, a verbalização, a socialização e a memória. Mas, tudo tem que ter bom senso e planejamento. Não adianta colocar atividades aleatórias sem estar inseridas em um contexto. Tudo vai depender do que está sendo proposto e o que se espera alcançar. |
★ Meg a Gatinha É hora de dormir, mas Meg perdeu o ursinho... Com seus amigos, ela embarca numa aventura de sonhos à procura de seu brinquedo favorito. Um livro cheio de desenhos que saltam, trazendo os sonhos de Meg para bem perto das crianças! Autora: Lara Jones Editora: Moderna Preço: R$ 55,00 Onde encontrar: www.moderna.com |
Não é adequado colocar um cavalo dentro de uma sala de aula, mas é possível passar um vídeo sobre a vida deles ou que eles participem depois. Por exemplo, levar as crianças a um haras ou fazenda para terem uma noção de como vivem, sentir o cheiro do local, acariciar o animal, dar comida, dar banho etc. Quando agimos assim, a TAA também está sendo feita. |
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Cão amigo
1 - Pede-se para a criança realizar leitura de um pequeno texto ou frase ou palavra para cão (uma história em que estejam envolvidos o cão e a criança). Ex.: o cão late (o cão precisa olhar para a criança prestando atenção e quando disser "late", o cão late logo em seguida).
2 - Com o devido treinamento do cão, pede-se para a criança pedir latidos (ou pede-se para dar patinha, dar comida etc.) para o cão. Conta-se um número de cada vez, 1 (um latido), 2 (outro latido), e assim por diante.
1 - Pede-se para a criança realizar leitura de um pequeno texto ou frase ou palavra para cão (uma história em que estejam envolvidos o cão e a criança). Ex.: o cão late (o cão precisa olhar para a criança prestando atenção e quando disser "late", o cão late logo em seguida).
2 - Com o devido treinamento do cão, pede-se para a criança pedir latidos (ou pede-se para dar patinha, dar comida etc.) para o cão. Conta-se um número de cada vez, 1 (um latido), 2 (outro latido), e assim por diante.
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Com quais animais trabalhar? Pode-se utilizar diversos animais, dependendo da estrutura física e objetivos da escola ou local de trabalho, como escargot; cavalos (equoterapia); golfinhos; animais de fazenda; pássaros; gatos; coelhos; entre outros, mas os mais utilizados são os cães. Dependerá dos gastos que a instituição pode destinar a essa atividade, das instalações propostas e objetivos que se propõem com os animais. O custo para manter um cavalo é grande e é necessário um local amplo, arejado e destinado apenas para esse objetivo, mas a abrangência de atividades que se pode realizar também é grande. Para ter coelhos o custo é menor, mas há restrição nas atividades. Com cães, os custos são moderados, mas há maior abrangência nas atividades, além de ser um animal domesticado há milênios. ![]() |
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Benefícios invisíveis
Para estimular a interação social:
A criança passeando com um cão ou uma calopsita, provavelmente, as pessoas vão olhar, sorrir e verbalizar.
Para estimular a coordenação motora:
Atividades de acariciar, pentear e jogar bola a um cão, gato ou cavalo.
Para estimular a interação social:
A criança passeando com um cão ou uma calopsita, provavelmente, as pessoas vão olhar, sorrir e verbalizar.
Para estimular a coordenação motora:
Atividades de acariciar, pentear e jogar bola a um cão, gato ou cavalo.
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