Educação Inclusiva

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UNIVERSIDADE ANHANGUERA – UNIDERP
Centro de Educação a Distância







OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA








Sobradinho/DF
                                                      Junho/2014
INTRODUÇÃO

Educação Inclusiva aponta para a transformação da sociedade e trata-se de um processo em que se amplia a participação de todos os estudantes nos estabelecimentos de ensino regular.
A inclusão perpassa pelas várias dimensões humanas, sociais e políticas, e vem gradualmente se expandindo na sociedade contemporânea de forma a auxiliar no desenvolvimento das pessoas em geral de maneira a contribuir para a reestruturação de práticas e ações cada vez mais inclusivas e seus preconceitos.
Trata-se de uma reestruturação da cultura, da prática e das políticas vivenciadas nas escolas de modo que estas respondam à diversidade dos alunos. É uma abordagem humanística, democrática, que percebe o sujeito e suas singularidades, tendo como objetivos o crescimento, a satisfação pessoal e a inserção social de todos.
Para fazer a inclusão de verdade e garantir a aprendizagem de todos os alunos na escola regular é preciso fortalecer a formação dos professores e criar uma boa rede de apoio entre alunos, docentes, gestores escolares, famílias e profissionais de saúde que atendam as crianças com necessidades educacionais especiais.



INCLUSÃO NO BRASIL E EDUCAÇÃO ESPECIAL NA ESCOLA REGULAR

Até o início da século XXI, o sistema educacional brasileiro abrigava dois tipos de serviços: a escola regular e a escola especial. Na última década, nosso sistema escolar modificou-se com a postura inclusiva e seu único tipo de escola foi adotado: a regular, que acolhe todos os alunos, apresenta meios e recursos adequados e deve oferecer apoio àqueles que encontram barreiras para a aprendizagem. Educar todas as crianças em um mesmo contato escolar não é negar diferenças, mas ver as diferenças como diversidade e ampliar a visão de mundo para uma visão colaborativa e inclusiva.
“O processo de educação inclusiva visa equiparar oportunidades, garantindo-se a todos,inclusive às pessoas em situação de deficiência e os de altas habilidades/superdotados, o direito de aprender” (Carvalho, 2005)

EDUCAÇÃO ESPECIAL INCLUSIVA
O que garante o sucesso da educação especial inclusiva

É a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. A educação inclusiva acolhe a todas as pessoas, sem exceção. É para o estudante com deficiência física, para os que têm comprometimento mental, para os superdotados, para todas as minorias e para a criança que é discriminada por qualquer outro motivo.
Costumo dizer que estar junto é se aglomerar no cinema, no ônibus e até na sala de aula com pessoas que não conhecemos. Já inclusão é estar com, é interagir com o outro.
A escola tem que ser o reflexo da vida do lado de fora. O grande ganho, para todos, é viver a experiência da diferença. Se os estudantes não passam por isso na infância, mais tarde terão muita dificuldade de vencer os preconceitos. É o que diz Daniela Alonso, educadora e consultora de projetos educacionais e, ganhadora do Prêmio Educador Nota 10.
A inclusão possibilita aos que são discriminados pela deficiência, pela classe social ou pela cor que, por direito, ocupem o seu espaço na sociedade. Se isso ocorrer, essas pessoas serão sempre dependentes e terão uma vida cidadã pela metade.
“Você não pode ter um lugar no mundo sem considerar o do outro, valorizando o que ele é e o que ele pode ser. Além disso, para nós, professores, o maior ganho está em garantir a todos o direito à educação.” É o que diz (Mendes, 2012).
Um bom projeto pedagógico, que começa pela reflexão. Diferentemente do que muitos possam pensar, inclusão é mais do que ter rampas e banheiros adaptados.
A equipe da escola inclusiva deve discutir o motivo de tanta repetência e indisciplina, de os professores não darem conta do recado e de os pais não participarem.
Atualmente, muitas escolas diversificam o programa, mas esperam que no fim das contas todos tenham os mesmos resultados. Os alunos precisam de liberdade para aprender do seu modo, de acordo com as suas condições. E isso vale para os estudantes com deficiência ou não.
Há outra questão, um movimento de resistência que tenta impedir a inclusão de caminhar: a força corporativa de instituições especializadas, principalmente em deficiência mental.
Muita gente continua acreditando que o melhor é excluir, manter as crianças em escolas especiais, que dão ensino adaptado. Más já avançamos. Hoje todo mundo sabe que elas tem direito de ir para a escola regular.
“Além de fazer adaptações físicas. A escola precisa oferecer atendimento educacional especializado paralelamente às aulas regulares, de preferência no mesmo local. Assim, uma criança cega, por exemplo, assiste às aulas com os colegas que enxergam e, no contra turno, treina mobilidade, locomoção, uso da linguagem braile e de instrumentos como o soroban, para fazer contas. Tudo isso ajuda na sua integração dentro e fora da escola.”(Blanco, 2009)
Enquanto isso, a direção tem que continuar exigindo dos dirigentes o apoio previsto em lei. Na particular, o serviço especializado também pode vir por meio de parcerias e deve ser oferecido sem ônus para os pais. Estudantes com deficiência mental severa podem estudar em uma classe regular?
De acordo com a Declaração de Salamanca, 1994: “Sem dúvida. A inclusão não admite qualquer tipo de discriminação, e os mais excluídos sempre são os que têm deficiências graves”.
No Canadá, vi um garoto que ia de maca para a escola e, apesar do raciocínio comprometido, era respeitado pelos colegas, integrado à turma e participativo.
Há casos, no entanto, em que a criança não consegue interagir porque está em surto e precisa ser tratada. Para que o professor saiba o momento adequado de encaminhá-la a um tratamento, é importante manter vínculos com os atendimentos clínico e especializado.
Uma boa avaliação é aquela planejada para todos, em que o aluno aprende a analisar a sua produção de forma crítica e autônoma. Ele deve dizer o que aprendeu o que acha interessante estudar e como o conhecimento adquirido modifica a sua vida.
“Avaliar estudantes emancipados é, por exemplo, pedir para que eles próprios inventem uma prova. Assim, mostram o quanto assimilaram um conteúdo. Aplicar testes com consulta também é muito mais produtivo do que cobrar decoreba. A função da avaliação não é medir se a criança chegou a um determinado ponto, mas se ela cresceu. Esse mérito vem do esforço pessoal para vencer as suas limitações, e não da comparação com os demais”. (Blanco, 2009)
O papel do professor é ser regente de classe, e não especialista em deficiência. Essa responsabilidade é da equipe de atendimento especializado. Não pode haver confusão. Uma criança surda, por exemplo, aprende com o especialista em libras (língua brasileira de sinais) e leitura labial.
“Para ser alfabetizada em língua portuguesa para surdos, conhecida como L2, a criança é atendida por um professor de língua portuguesa capacitado para isso. A função do regente é trabalhar os conteúdos, mas as parcerias entre os profissionais são muito produtivas. Se na turma há uma criança surda e o professor regente vai dar aula sobre o Egito, o especialista mostrará à criança com antecedência fotos, gravuras e vídeos sobre o assunto. O professor de L2 dá o significado de novos vocábulos, como pirâmide e faraó. Na hora da aula, o material de apoio visual, textos e leitura labial, facilitam a compreensão do conteúdo”. (CNB/CNE, 2009)

Como ensinar cegos e surdos sem dominar o braile e a língua de sinais

É até positivo que o professor de uma criança surda não saiba libras.Ter noções de libras facilita a comunicação, mas não é essencial para a aula.
No caso de ter um cego na turma, o professor não precisa dominar o braile, porque quem escreve é o aluno. Ele pode até aprender, se achar que precisa para corrigir textos, mas há a opção de pedir ajuda ao especialista.

O professor não pode se recusar a lecionar para turmas inclusivas

Não, mesmo que a escola não ofereça estrutura. “As redes de ensino não estão dando às escolas e aos professores o que é necessário para um bom trabalho. Muitos evitam reclamar por medo de perder o emprego ou sofrer perseguição. Mas eles tem que recorrer à ajuda que está disponível, o sindicato, por exemplo, onde legalmente expõem como estão sendo prejudicados profissionalmente”. (Mendes, 2012)
Os pais e os líderes comunitários também podem promover um diálogo com as redes, fazendo pressão para o cumprimento da lei. Há fiscalização para garantir que as escolas sejam inclusivas?
O Ministério Público fiscaliza, geralmente com base em denúncias, para garantir o cumprimento da lei. O Ministério da Educação, por meio da Secretaria d Educação Especial, atualmente não tem como preocupação punir, mas levar as escolas a entender o seu papel e a lei e a agir para colocar tudo isso em prática.
“A educação especial na perspectiva inclusiva tem favorecido o acesso das crianças com autismo à escola regular, contudo a presença dessas crianças causa um estranhamento por parte dos professores e demais profissionais da educação devido aos mitos existentes sobre o autismo infantil, as especificações na linguagem e na interação social e o processo de aprendizado e desenvolvimento dessas crianças. Com uma temática relevante, o livro promove a discussão sobre as possibilidades construídas na organização do trabalho do professor no espaço da educação infantil com uma criança com autismo e traz para o debate a necessidade de ressignificar as concepções sobre autismo infantil, infância, educação infantil, educação inclusiva e ser professor em um contexto inclusivo. A obra pretende contribuir nas reflexões sobre o processo de inclusão e escolarização da criança com autismo, reconhecendo essa criança como ser social, que se constitui, aprende e se desenvolve nas condições concretas de vida, a partir das relações e interações que lhes são possibilitadas e das práticas culturais em que é inserida”. (Alonso, Daniela)
“As novas demandas educacionais, aliadas ao ideal de oferecer uma educação que articule excelência acadêmica e formação de valores, exigem uma formação diferenciada, muito mais complexa e redimensionada, daqueles que lideram o processo educativo nas escolas: os Coordenadores Pedagógicos. Evidencia-se, cada vez mais, o papel crucial e estratégico desses profissionais na qualificação da prática educativa e na condução doa atores da ação pedagógica, especialmente quando o contexto demanda o desenvolvimento de uma metodologia adequada às concepções educativas contemporâneas, ao processo de desenvolvimento e aprendizagem dos educandos e à sua formação ética”. (MEC/SEES P. Out., 2005)

Avaliação em larga escala para Rede de Ensino RCE

Para que as escolas realizem uma avaliação em larga escala, de modo que possam compreender o nível de aprendizado dos alunos e caminhar para atingir a excelência acadêmica, a Rede de Ensino RCE oferece o PROARCE. Esta é uma ferramenta de natureza sistêmica, diagnóstica, de aferição de habilidades cognitivas e de conhecimento, sem nenhum custo para as escolas ligadas à RCE e que pode ser contratada por qualquer instituição de ensino.
O PROARCE é aplicado anualmente em mais de 350 escolas, englobando mais de 200 mil alunos.
As avaliações do PROARCE são aplicadas no 5º e 9º ano do ensino fundamental e 3º ano do ensino fundamental são focadas nos testes de conhecimento em língua portuguesa, matemática, ciências humanas e ciências da natureza.
A partir do resultado das provas, o gestor educacional pode compreender com mais precisão o processo educativo e, a partir daí, tomar decisões práticas, alocando recursos onde é realmente necessário ou consolidando avanços identificados na avaliação. (Fonte: PCN-MEC/SEFISEESP, 1998)

Saberes e práticas da inclusão-Educação infantil

A educação e os cuidados na infância são amplamente reconhecidos como fatores fundamentais do desenvolvimento global da criança. Esta coleção traz temas específicos sobre o atendimento às necessidades educacionais especiais das crianças, do nascimento aos seis anos de idade.


Entrevista

O que significa inclusão?
Eu só posso falar em inclusão se considerar o seu oposto, que é a exclusão. É preciso perguntar quem é excluído e do que é excluído – afinal, às vezes é bom ser excluído de algumas coisas, como da doença ou da miséria. No caso da educação, que obviamente é uma coisa boa, é bom que se inclua. Trata-se de incluir todos dentro de um espaço considerado imprescindível para o desenvolvimento pessoal e da cidadania.
Gostaria que o senhor descrevesse brevemente a evolução da educação inclusiva no Brasil e no mundo.
A questão da deficiência nem sempre foi tratada no mundo como é hoje. Ela já percorreu caminhos bastante rudes, bárbaros até. Sabemos de comunidades primitivas e modernas que praticaram a chamada limpeza étnica, em que matavam crianças que nascessem com determinados defeitos. Foi só no final do século XIX que a forma de ver o deficiente começou a mudar, quando os trabalhos de Freud mostraram que todos nós temos limitações e quando a Biologia trouxe conclusões similares, afirmando que todos nós temos necessidades e deficiências, apesar de umas serem mais visíveis do que outras. As duas guerras mundiais, quando um enorme número de pessoas que, então sadias, voltaram para casa com algum tipo de mutilação, também contribuíram para aumentar a consciência de que os portadores de necessidades especiais são titulares de direitos como quaisquer outros.
Hoje, considero que estamos vivendo um momento de transição de uma cultura discriminatória com relação ao diferente para uma cultura de inclusão, em que o diferente é aceito não por ser diverso, mas porque o diverso enriquece. É esse o grande desafio atual: construir uma nova cultura de inclusão, na qual o acolhimento da diferença se faça no reconhecimento do outro como igual, como parceiro, como par. Na educação, isso implica a consciência de que, desde o ato educativo mais simples da pré-escola, é preciso garantir aos portadores de necessidades educacionais especiais um lugar garantido nas salas comuns das classes comuns.

Quais os obstáculos que teremos de superar para construir essa nova cultura nas escolas?
A criação de uma nova cultura é um processo lento, que inclui uma série de desafios. Um deles diz respeito às mudanças físicas e estruturais, que são necessárias para permitir a inserção de alunos com necessidades especiais nas salas e escolas regulares. Outra questão é sensibilizar as crianças dessas escolas para a questão da inclusão. Um menino que é manco, cego ou tem algum outro tipo de deficiência, pode ser objeto de chacota ou discriminação pelos colegas. O terceiro desafio, e o mais importante deles, refere-se à qualificação dos professores. Não adianta você colocar um surdo em uma sala onde o professor, por mais boa vontade que tenha, não está preparado para dominar a linguagem de sinais. E ainda são raros os que estão. Temos que pensar numa preparação consciente, consequente, e rápida ao mesmo tempo, dos educadores.
Como o professor pode obter esse preparo?
Isso deveria ser uma tarefa das escolas de educação. A Universidade tem por obrigação dominar o que existe de mais avançado sobre esse assunto e, com isso, criar uma geração de professores preparados. Além disso, as Secretarias Estaduais e o MEC tem a obrigação de propiciar aos professores que já estão em exercício uma atualização. Trata-se de um trabalho sofisticado, difícil, mas muito estimulante e desafiador.
Quais os instrumentos legais que existem hoje no país voltados à educação inclusiva?
Citarei os mais importantes. O primeiro é a Constituição Federal, artigo 208, inciso terceiro, que postula que crianças com necessidades especiais sejam atendidas preferencialmente por escolas regulares. Depois, temos a lei de diretrizes e bases, que tipifica melhor o princípio genérico da Constituição, o plano nacional de educação e a declaração da Guatemala (aprovado em 2001, o texto da “Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Pessoas Portadoras de Deficiência”, cujas recomendações se tornaram lei de caráter nacional no Brasil). Temos ainda, a interpretação a esses quatro instrumentos legais de grande porte dada pelo Conselho Nacional de Educação por meio de dois pareceres ( 17/2001 e 4/2002) e de uma Resolução (2/2001). São estes últimos que chegam mais próximos das escolas, já que traduzem os quatro grandes equipamentos legais. (CCNE/CER nº 13/2009).
Qual a vantagem da educação inclusive em relação à educação em salas ou especiais?
A riqueza da diversidade. Eutive uma parente com síndrome de Down. Ela era o pivô da família em termos de afetividade, de sensibilidade, de emotividade, de memória. Com a diversidade, um grupo ganha novos valores. Há um jogo, que ainda não sabemos fazer muito bem, mas temos que aprender, que é conviver com a diferença. Mais do que tolerar, que é muito pouco, ele implica a aceitação do diferente como algo que agrega.
Quais os defeitos negativos que podem existir quando um aluno com necessidades especiais é incluído numa sala de aula regular sem ser efetivamente integrado?
O risco que existe aí é termos uma exclusão sofisticada com capa de inclusão. Isso significaria legitimar a exclusão camuflando-a atrás do conceito de inclusão. Dessa forma, exclui-se duplamente, somando à exclusão uma versão mais sofisticada dela mesma.
Alunos com deficiência severa devem ser incluídos em salas regulares?
Como disse há pouco a Constituição fala que as crianças com necessidade educacionais especiais deve ser atendidas preferencialmente nas escolas regulares. A palavra preferencialmente estáaí exatamente porque considera os casos de portadores de síndromes múltiplas e profundas. Nestes casos, há a possibilidade de haver o que eu chamo de momentos especiais, em salas especiais, e escolas especiais para um atendimento mais cuidadoso para aqueles que requerem atenção mais específica. Meu filho teve dificuldades em matemática e teve de fazer uma recuperação paralela. Eu não me sentí ofendido porque a escola propiciou a ele um momento especial de recuperação separado dos colegas. Esse momento de recuperação serve para coloca-lo em pé de igualdade com os outros, não para mantê-lo na diferença. O mesmo acontece com os portadores de alguma deficiência. Quando houver uma situação evidente que justifique um momento de separação, ele deve ser feito sim, com todos os cuidados. Mas deverá ser visto sempre como algo complementar, e não como uma situação permanente. (MEC. 2001 – PCN)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O mundo gira, e nestas voltas, vai mudando, e nestas mudanças, ora drásticas ora nem tanto, as pessoas vã também se envolvendo e convivendo com o novo, mesmo que não se apercebam disso. Há, contudo, os mais sensíveis, os que estão de prontidão, plugados nessas reviravoltas e que dão os primeiros gritos de alarme, quando anteveem o novo, a necessidade do novo, a emergência do novo, a urgência de adotá-lo, para não sucumbir a morte, à degradação do tempo, à decrepitude da vida.
Esses pioneiros – as sentinelas do mundo – estão sempre muito perto e não tem muitas saídas para se esquivar do ataque frontal das novidades. São essas pessoas que despontam nos diferentes âmbitos das atividades humanas e que num mesmo momento começam a transgredir, a ultrapassar as fronteiras do conhecimento, dos costumes, das artes, inaugurando um novo cenário para as manifestações e atividades humanas, a qualquer custo, porque tem clareza do que estão propondo e não conseguem se esquivar ou se defender da força das concepções atualizadas.
Ocorre que, saibam ou não, estão sempre agindo, pensando, propondo, refazendo, aprimorando, retificando, excluindo, ampliando segundo paradigmas.
Conforme pensavam os gregos, os paradigmas podem ser definidos como modelos, exemplos abstratos que se materializavam de modo imperfeito no mundo concreto. Podem também ser entendidas, segundo uma concepção moderna, como um conjunto de regras, normas, crenças, valores, princípios que são partilhados por um grupo em um dado momento histórico e que norteiam o nosso comportamento, até entrarem em crise, porque não nos satisfazem mais, não dão mais conta dos problemas que temos que solucionar. Assim Thomas Kuhn, em sua obra A estrutura das Revoluções Científicas e outros pensadores, como Edgar Morin, em O Paradigma Perdido: A Natureza Humana definem paradigma.
Uma crise de paradigma é uma crise de concepção, de visão de mundo e quando as mudanças são mais radicais, temos as chamadas revoluções científicas. O período em que se estabelecem as novas bases teóricas suscitadas pela mudança de paradigmas é bastante difícil, pois caem por terra os fundamentos sobre os quais a ciência se assentava, sem que fiquem de todo os pilares que a sustentarão daí por diante.
Sendo ou não uma mudança radical, toda crise de paradigma é cercada de muita incerteza, de insegurança, mas também de muita liberdade e de ousadia para buscar alternativas, outras formas de interpretação e de conhecimento que nos sustente e nos norteie para realizar a mudança.
E o que estamos vivendo no momento.
A escola se entupiu do formalismo da racionalidade e cindiu-se em modalidades de ensino, tipos de serviço, grades curriculares, burocracia. Uma ruptura de base em sua estrutura organizacional, como propõe a inclusão, é uma saída para que a escola possa fluir, novamente, espalhando sua ação formadora por todos os que dela participam.
A inclusão, portanto, implica mudança desse atual paradigma educacional, para que se encaixe no mapa da educação escolar que estamos retraçando.
É inegável que os velhos paradigmas da modernidade estão sendo contestados e que o conhecimento, matéria-prima da educação escolar, está passando por uma reinterpretação.
As diferenças culturais, sociais, étnicas, religiosas de gênero, enfim, a diversidade humana está sendo cada vez mais desvelada e destacada e é condição imprescindível para se entender como aprendemos e como compreendemos o mundo e nós mesmos.
Nosso modelo educacional mostra há algum tempo sinais de esgotamento, e nesse vazio de ideias, que acompanha a crise paradigmática, é que surge o momento oportuno das transformações.
Um novo paradigma do conhecimento está surgindo das interfaces e das novas conexões que se formam entre saberes outrora isolados e partidos e dos encontros da subjetividade humana com o cotidiano, o social, o cultural. Rede cada vez mais complexa de relações, geradas pela velocidade das comunicações e informações, estão rompendo as fronteiras das disciplinas e estabelecendo novos marcos de compreensão entre as pessoas e do mundo em que vivemos.
Diante dessas novidades, a escola não pode continuar ignorando o que acontece ao seu redor nem anulando e marginalizando as diferenças nos processos pelos quais forma e instrui os alunos. E muito menos desconhecer que aprender implica ser capaz de expressar, dos mais variados modos, o que sabemos, implica representar o mundo a partir de nossas origens, de nossos valores e sentimentos.
O tecido da compreensão não se trama apenas com fios do conhecimento científico. Como Santos (1995) nos aponta, a comunidade acadêmica não pode continuar a pensar que só há um único modelo de cientificidade e uma única epistemologia e que, no fundo, todo os resto é um saber vulgar, um senso comum que ela contesta em todos os níveis de ensino e de produção do conhecimento. A ideia de que nosso universo de conhecimentoé muito mais amplo do que aquele que cabe no paradigma da ciência moderna traz a ciência para um campo de luta mais igual, em que ela tem de reconhecer e se aproximar de outras formas de entendimento e perder a posição hegemônica em que se mantém, ignorando o que foge aos seus domínios.
A exclusão escolar manifesta-se das mais diversas e perversas maneiras, e quase sempre o que está em jogo é a ignorância do aluno diante dos padrões de cientificidade do saber escolar. Ocorre que a escola se democratizou abrindo-se a novos grupos sociais, mas não aos novos conhecimentos. Exclui, então, os que ignoram o conhecimento que ela valoriza e, assim, entende que a democratização é massificação de ensino e não cria possibilidade de diálogo entre diferentes lugares epistemológicos, não se abre a novos conhecimentos que não couberam, até então, dentro dela.
Portanto, mas mudanças são fundamentais para a inclusão, mas exige esforço de todos possibilitando que a escola possa ser vista como um ambiente de construção de conhecimento, deixando de existir a discriminação de idade e capacidade. Para isso, a educação, deverá ter um caráter amplo e complexo, favorecendo a construção ao longo da vida, e todo aluno, independente das dificuldades, poderá beneficiar-se dos programas educacionais, desde que sejam dadas as oportunidades adequadas para o desenvolvimento de suas potencialidades. Isso exige do professor uma mudança de postura além da redefinição de papéis que possa assim favorecer o processo de inclusão.
Para que a inclusão seja uma realidade, será necessário rever uma série de barreiras, além da política e práticas pedagógicas e dos processos de avaliação. É necessário conhecer o desenvolvimento humano e suas relações com o processo de ensino aprendizagem, levando em conta como se dá este processo para cada aluno. Devemos utilizar novas tecnologias e investir em capacitação, atualização, sensibilização, envolvendo toda comunidade escolar. Focar na formação profissional do professor, que é relevante para aprofundar as discussões teóricas práticas, proporcionando subsídios com vistas à melhoria do processo ensino aprendizagem.
Assessorar o professor para resolução de problemas no cotidiano na sala de aula, criando alternativas que possam beneficiar todos os alunos. Utilizar currículos e metodologias flexíveis, levando em conta a singularidade de cada aluno, respeitando seus interesses, suas ideias e desafios para novas situações. Investir na proposta de diversificação de conteúdos e práticas que possam melhorar as relações entre professor e alunos. Avaliar de forma continuada e permanente, dando ênfase na qualidade de conhecimento e não na quantidade, oportunizando a criatividade, a cooperação e a participação. Valorização maior das metas e não dos obstáculos encontrados pelo caminho, priorizando as questões pedagógicas e não apenas a questão biolágica, com expectativa de que tudo será resolvido pela saúde.
Não temos nenhuma proposta de inclusão que possa ser generalizada ou multiplicada, pois ainda é incipiente, no entanto é de consenso que esse processo é de responsabilidade de toda a sociedade e por tanto é preciso que a escola esteja aberta para a escuta, favorecendo assim, as trocas para a construção do processo de inclusão escolar.
Concluímos que para o processo de inclusão escolar é preciso que haja uma transformação no sistema de ensino que vem beneficiar toda e qualquer pessoa, levando em conta a especificidade do sujeito e não mais as suas deficiências e limitações.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MEC – Ministério da Educação – Secretaria de Educação Especial, POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL, Brasília – DF, MEC – SEEDSP 1994.
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Conselho Nacional de Educação – Câmara de Educação Básica Resolução CNE/CNB n. 2 de 11 de setembro de 2001 – Brasília.
Figueira, E. A imagem do Portador de Deficiência Mental na Sociedade e nos Meios de Comunicação – Ministério da Educação – Secretaria de Educação Especial.
YUS, Rafael – Educação Especial Uma Educação Holística para o Século XXI, Tradução. Daisy Vaz de Moraes – Porto Alegre: ARTIMED, 2002.
Poso, Juan Ignácio – Aprendizes e Mestres: a Nova Cultura da Aprendizagem Juan Ignácio Pozo; Trad. Emani Rosa – Porto Alegre: Artmed 2002.

Referências para Construção de Sistemas Educacionais Inclusivos – Fundamentação Filosóficos a História a Formação – EDUCAÇÃO INCLUSIVA Direito à Diversidade – curso de Formação de Gestores e Educadores.

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